quinta-feira, junho 01, 2006

Metáfora

Há muito que não penso na morte. Não é isso. Há muito que não me ocupa a ideia da morte, da minha morte. Quando tinha vinte anos e vivia completamente obcecado pela ideia da minha desparição, pensava, aterrorizado, de que se as coisas fossem ser sempre assim e em crescendo, eu não iria conseguir suportar a vida. Afinal não. Dá para conviver com a ideia de que não estaremos cá quando voltarem a falar de nós. Mas agora, como um raio, um silvo fui atravessado por um buraco de negro, a ideia de que vou morrer. Inconscientemente vi-me a abraçar os meus amigos que estavam comigo. E não morria. Resgatado pelo nó cego do abraço amigo, não morria. A morte punha-se ao fresco.

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