sexta-feira, julho 14, 2006

Êxodo

Ontem no CCB. Durante o espectáculo dei por mim a sonhar com uma outra vida. As personagens avançavam pelo palco, era o mundo que lá ía cabendo, de Beirute, à Somália, a todos os lugares devassados e devastados pelo esplendor da puta da miséria humana, e eu começava uma viagem que não sei onde acabará. Via-me a trocar o meu posto de trabalhador da coisa pública por uma auto-caravana, a sair por aí, por todos os países e por nenhum, livre, livre como só o pensamento deve ser. Não se trata da minha tradicional fuga ao confronto. Do recurso à incorporação. O gesto de heroísmo de que a nossa vida carece não é insultarmos mentalmente todos os que nos rodeiam e depositar neles a culpa do nosso infortúnio. A nossa vida carece de heroicidade mas não dessa. Somos nós que desistimos de dar sentido à nossa vida. O meu blogue vai falar disso até ao fim dos meus dias.

1 comentário:

Anónimo disse...

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