sábado, agosto 26, 2006
Leio Oriente-Ocidente, A Fractura Imaginária e dou-me conta de que a minha leitura tem uma doença muito comum: leio para perceber, para compreender mas rápidamente sou levado para o campo da explicação. George Corm fala de Bizâncio e eu penso no exemplo, no post que poderei aqui fazer para argumentar ou contra-argumentar. Sou, como muitos, um especialista. Leio duas ou três páginas antes de formular uma opinião inabalável. Curioso: quando li no Luís, no TRB, no CBS, textinhos sobre a guerra com referências para fazer pensar eu julguei que era mesmo isso que se passava, que estava em causa: só agora, metendo a mão no livro, percebo que talvez não seja exactamente assim. O que eu quero é rapidamente ter um ponto de vista explicativo. O que só pode dizer duas coisas: ou que eu me tornei um arregimentado de um pensamento qualquer, ou a de que estou realmente cheio de medo de que não cheguemos a tempo de compreender algumas coisas essenciais sobre o que se está a passar no Médio Oriente. É a isto que chamo pirotecnia vária ou sortida. Como dizia tão bem no outro dia o Daniel, não precisamos nada de escolher já. Basta que tentemos aprender a olhar com justiça.
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3 comentários:
é a forma mais honesta de estar. escrevê-lo assim é como segurar por nós a candeia que nos faz ver a estrada numa noite escura.
"não precisamos nada de escolher já"
Também sinto o que dizes após cada livro, mas os bons deixam pano pra mangas, não são redutores, deixam dados para pensar.
e de facto não temos de saber, de ter opinião, de escolher em tudo... falta sempre informação.
o que não significa que não haja escolhas... e que elas não se alterem.
Por exemplo aqui: "Basta que tentemos aprender a olhar com justiça", como já afirmei noutros lugares, não descarto a emoção e a "proximidade" (como alguns dizem) das escolhas.
correndo o risco de ser desagradávelmente catalogado.
Mas não acredito nem em "justiças puras" nem em "cidadãos do mundo", sorry :)
hei-de escrever um post pensado sobre isto Joaquim, quando o Jardim deixar ;)
meu deus, cbs, a doença não são os livros (mesmo que haja alguns doentes). a doença está, por vezes, na nossa leitura. e nem preciso de invocar o que a doença faz à leitura dos livros sagrados, pois não? quanto aos cidadãos do mundo, era edgar morin que escrevu no prefácio do seu "Terra-Pátria": "precisamos de mundiólogos. " não sei. mas registo a ironia de invocarmos tanto a democracia grega e esquecermos a origem desse conceito. e ainda: eu também não acredito nas justiças puras. não conseguimos olhar a justiça fora de nós e nós estaremos sempre doentes com a nossa tendência para nos mesmificarmo-nos. é por isso que eu não disse, basta-nos olhar com justiça. escrevi " basta que tentemos aprender a olhar com justiça". é um caminho, cbs. é uma escolha, como tu gostas de dizer. essa podemos fazê-la já. olha, utilizando uma metáfora que tanto de diz porque de certa forma é a tua vida: É COMO CUIDAR DE UM JARDIM. grnde abraço
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