quarta-feira, setembro 06, 2006

Intimidade's

A janela aberta. Os vizinhos em tronco nu na terraça. A mulher ao lado pendurada na ombreira da janela do lado para captar rede enquanto lascivamente fodia virtualmente com...sabia lá com quem. Um cão ao longe, longe é a aldeia da qual se lembrava sempre que a sua nudez sobre a cama lhe dava um desejo de lençóis frescos de linho, lavados no rego com sabão azul branco e secados entre a urze rasteira que ladeava o lavadouro. Uma ventoinha soprando e soprando e soprando, xingando a noite, deixando-a incompleta.
Incompleta é a vida que levo, pensou. O amor. Os dias que ai vêm. Os dias que não se vêem. Diz-me uma só palavra e serei salvo. Diz-me uma só palavra e se essa palavra for a nossa liberdade, serei salvo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ninguém salva ninguém - é um cliché, mas no fundo é verdade, não é?! (se calhar é o que não se quer ouvir, quando se acaba de escrever isto, mas...)
Há um sentimento de incompletude na falta do amor, algo que nos "oprime", que nos aprisiona em nós mesmos. O amor é um sentir que nos torna o mundo mais leve, mais nosso... e nós somos "mais" do mundo.
Já são muitas palavras... mas também não pretendia ser só uma...
porque até... não é "ela" que poderá importar, pode ser apenas.. um gesto.

Anónimo disse...

"inconstitucionalmente", serve?

é capaz de não, até hoje uma só palavra, mesmo que seja a mais comprida, ainda não salvou liberdades.