terça-feira, dezembro 19, 2006

Desconforto de consciência

Na sexta-feira antes de nos deitarmos vimos o Pinóquio. Uma das figuras que mais o impressionou foi o grilo falante. A consciência. No dia seguinte teve a festa do Xavier. Quando veio trazia uma daquelas saquetas muito habituais nas festas de miúdos. Gomas, pastilhas, smarties e um pequeno brinquedo. Uma espécie de pirilampo com um botão para ligar e desligar.
- É a minha consciência.- disse, quando chegámos a casa.- Tenho de andar sempre com ela. - Carregava no botão- Eu ligo e ela proteje-me.
Colocou-a ao pescoço, ela trazia um cordão para esse efeito. Nessa noite, por volta das duas da manhã vem ter comigo à sala:
- Não consigo dormir.
- Vai, vai para a cama.
- A minha cama é desconfortável.
- É a primeira vez que dizes isso.
- Mas é.
- Vai lá, eu vou ter contigo.
Fui. Ajeitei-lhe o cobertor à roupa. Percebi que ele tinha a consciência a bater-lhe na zona do pescoço. Tirei-a.
- Eh, pai, isso é a minha consciência.
- É ela que te está a dar o desconforto. Tens de fazer como todas as pessoas. Tiram a sua consciência para poderem dormir melhor.
E foi assim. Uma santa noite, como dizia o meu avô.

4 comentários:

Anónimo disse...

Que dizer deste post? Uma delícia... Uma delícia.

sete e pico disse...

e eu que toda a vida me disseram que devia ter a conciencia tranquila para poder dormir bem e agora venho a saber que devia era tirá-la...mas foi uma boa estratégia para o miudo poder dormir descansado..

Terra disse...

...............
:-)

Anónimo disse...

Tão bonito... :)