quinta-feira, abril 26, 2007

Marchinha

Pensavas que o mundo tinha parado? Não parou. Lá vem, redobrado, do pátio da Voz do Operário, ao som das marchinhas. Ainda não cheira a sardinha assada, nem a caldo verde, não é Verão, mas o mundo está a mexer-se.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ai a Graça, mesmo esta semana sonhei com ela, conta mais, quero saber mais coisas, conta, conta....


O fenómeno ocorreu ali para a zona de Alfama ou da Graça, as testemunhas contradizem-se. Começaram por fazer amor muito ordeiramente no quarto, por conta de um nó cego com os cobertores deram um valente trambolhão, rolaram engalfinhados pelo corredor, e como a porta da rua estava inadvertidamente aberta, saíram enrolados para a rua, continuaram as hostilidades pelo chão frio da calçada portuguesa, desceram e subiram as sete colinas abertas para o rio, ali para os lados da Sé ou do Miradouro de Santa Luzia, mais uma vez as opiniões divergem, caíram num buraco e foram parar à China.

Ela achou que tal facto deveu-se a estar, naquela noite telúrica, possuída pelo espírito da intrépida alpinista Alexandra David-Neel, e da dinâmica imprimida pelo impulso compulsivo de trepar para cima (uma aspiração legitima), a verdade é que a escalada correu bem, e ela pôs os pés e o corpo no templo Potala. Esse contacto com o divino irrefutavelmente deu uma chancela mística a tal aparatosa gincana. Ele achava que ela era uma exagerada e não sabia com que cara ia encarar a vizinhança na reunião de condomínio por ter comprometido a integridade do edifício. Quem o tinha mandado deixar a porta aberta.

Maria João F.
mulheresforadehoras