segunda-feira, maio 28, 2007
Nós nas paredes
Hei-de lembrar-me sempre da tua história. Começo assim a recolher os meus heróis. Neste caso das minhas heroínas. Os Olivais de há trinta anos tinham-nos a nós. Cometemos muitos erros, talvez. Alguns de nós morreram. Outros abdicaram, como tu dizes, desistiram. Enquanto tu preenchias os anos com uma história que não cabia dentro da narrativa eu desviei várias vezes o olhar à procura da minha criança que brincava. Admiro os anos que vivemos. É por causa dessa admiração que, se algum dia o fizer, escreverei. Como tu disseste, nós tinhamos tudo. Éramos felizes. Tinhamos espaço, amigos, muitos de nós tinham dinheiro, família. É claro que isso de bem pouco servia: tinhamos sido varridos por aquele imenso vendaval que sacudiu as nossas adolescências. Uma revolução o que é? Eu não, eu era um provinciano, um tipo que tinha acabado de chegar à cidade. Não transgredi.
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1 comentário:
Excelente texto!
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