sexta-feira, setembro 28, 2007

Évora

Amanhã vamos para Évora. É a primeira viagem de comboio que fazemos os dois. Para o território das abelhas, daqueles que dela vivem. Uma palavra só para os amigos que agora se habituaram a passar por aqui: a viagem faz-se a sorrir. A falta de escrita não é tristeza. É alegria de outra forma. Pode ser um luto estranho, mas se todos os lutos fossem iguais as pessoas não precisavam de morrer de maneiras diferentes. Aliás, morria um só, biliões de vezes, em representação da nossa florescente humanidade. Morremos assim, desfazados, desirmanados, para que entre os espaços, na hera dos sepulcros, nos vasos de cinzas, possamos deter-nos na nossa ideia de gente, de coisas animadas pelo ar, pelo movimento, pela poesia. Além do mais, sinto que a tristeza é uma pieguice que o desmerece. Ele não morreu, matou-se. Acredito que para quem passe, para quem vem no arrasto dos googles isso possa parecer estranho, mas para amigos-irmãos faz toda a diferença. O que eu sinto é que ando aqui agora num saboreio redobrado pela vida. Tenho por cima do ombro um companheiro sempre a espicaçar-me, aproveta, homem, aproveta, sempre foi assim, o gajo sem um ciciar de alentejano ficava coxo, assim sem cores.

1 comentário:

CCF disse...

:)
~CC~