terça-feira, outubro 30, 2007

Os blogues sem comentários, regras e excepções

Foto: Zak Pawel
No outro dia a Isabela de O Mundo Perfeito escreveu um post sobre os blogues sem comentários. Interiormente perfilhei esse post. A blogosfera que eu gosto, que eu leio, que eu linko, comenta. Pode moderar os seus comentários. Pode sujeitá-los a testes de verificação através de códigos de letras. Mas comenta. A blogosfera que eu gosto, que eu leio, que eu linko não é nem melhor nem pior do que a blogosfera que eu não gosto. Quer dizer, é melhor para mim, no sentido em que me sustenta, me alimenta, me energiza. É um é melhor para mim em tudo relativo. Até pode ser, como aconteceu com o malfadado cigarro, que eu venha a descobrir que a prática blogosférica mata, produz a impotência, aumenta o risco da ocorrência de acidentes cardiovasculares, do cancro do pulmão ou que, muito simplesmente vicia. Nessa altura eu talvez pense que, se a minha salvação ainda for possível, ela muito se ficou a dever à blogosfera que eu não gostava, que eu não lia, que eu não linkava. Mas até lá, a minha blogosfera é a que me seduz - como novelo cruzado de histórias neste pequeno grande teatro do mundo que é acordarmos banais, simples, devorados pela mole, quotidianos e adormecermos como heróis das nossas pequenas trivialidades - e, vou repetir-me, a blogosfera que me seduz é a que comenta. É uma regra. Por isso nunca linkei nas prateleiras de blogues a Ana de Amsterdam e nunca o linkei unicamente por essa razão, já que se ela fizesse parte da blogosfera teria nela um lugar raro, distinto. É também por isso que não a leio todos os dias. Devo ser honesto comigo e com os que me lêem: ela é também a minha excepção. Quando lá vou, quase sempre pelos caminhos do Mal -o meu farol de sempre na blogosfera - ando de trás para a frente, encho o papo com uma barrigada de posts e sei que voltarei. Não tenho outra explicação senão uma que a vida me foi ensinando com particular teimosia: pouco do que é, é o que parece querer ser. E Ana de Amsterdam - que invoca uma das canções de Chico Buarque que mais gosto - com comentários ou sem eles, é um blogue com mais pontes do que diques. Está-lhe na massa da escrita.

2 comentários:

blue disse...

dificilmente poderia descrever melhor o blogue da ana de amsterdam.

(mas não resisto e vou lá todos os dias)

Mónica (em Campanhã) disse...

por razões diferentes andei a hesitar uns tempos mas acabei por reconhecer de mim para mim que se afinal ia lá quase todos os dias mais valia assumir o link do que ter a trabalheira de ir por outros caminhos.

de resto entendo bem que alguns fechem os comentários: havia caixas de correio onde já me custava comentar, mais imundas que alguns wc públicos