domingo, dezembro 02, 2007
Um mês depois é possível voltar, silenciosamente, às palavras.
Mereço-vos.
Não sei mais nada, sei que vos mereço. E que nesse merecimento traço a esquadria de um desejo. A minha vida é demasiado desinteressante para vos falar dela aqui. Dessa doença das palavras digitais estou por agora, senão curado, em intensa recuperação.
O mundo é lá, no improferível, um lugar tremendo de energia, de fogo, de explosão.
Liberto-me do ódio.
Eu fui/sou tão medíocre como os mais medíocres com quem privei. Se odiasse alguém começaria por odiar aquele que, em mim, me consumiu.
Liberto-me no amor.
O amor não é dizermos que fodemos, que comemos, ou repetirmos chalaças sobre a imponderabilidade de um homem ser comido por uma mulher. Ou o contrário. Admito. Para me desenjoar do falar extenso sobre o amor, adoptei o cinismo como linguagem.
Ora não há fato que me sirva menos a jeito, o cinismo.
O meu cinismo era uma forma de eu querer parecer inteligente. Ou de me libertar da estupidez que grassa por aí no coração dos homens e das mulheres inteligentes.
Nasci para ser pedaço de lume. Para arder em combustão por vezes lenta, outras alterada, acelarada. Só quero ser esta pequena miséria, lume, pedaço de fogo, vagalume, incêndio. Chamas a isso amor? Eu serei então, o mais humildemente que conseguir, amor.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
sê bemvindo. vagalume, incêndio, encontrar palavras escritas aqui fez-me falta.
chiça penico chapéu de coco, tava a ver que não, eu bem vinha cá todos os dias e sempre doravante, doravante e nada. Consome-te querido amigo, no amor na vida, no cinismo, na politica, em tudo o que tu queiras, mas depois voltas aqui e escreves o que te vai na alma, boa?
( e senão te apetecer escrever, deixa lá,não escrevas...)
o que me apetecia mesmo era ver-vos por aqui. por Lisboa...
E ainda bem que voltaste.
Sabias que cada noite sem palavras tuas parecia mais pobre?
Eu sabia isso. Que aquilo a que chamas cinismo é um fato que não te serve. Sentia o lume cada vez que te lia a falar do teu filho. Aí era impossível esconder o incêndio que te consome. Ainda bem que voltaste.
o mundo é lá, no improferível, e no entanto
vivemos também aqui, no que escrevemos e dizemos
já não me lembrava como escrevias tão poderosamente
Enviar um comentário