Chovia, era o primeiro jantar na sua nova casa. Ele tinha feito o jantar. Gostava de cozinhar. Era um homem novo e gostava de cozinhar. Acendeu uma vela porque era a primeira noite. Para ver melhor. É noite de Janeiro, está escuro, chove, a mesa está virada para uma janela que alcança a cerca do quintal da vizinhos. Escorrem gotas de água pelas canas finas da cerca.
- Já viste as gotas de chuva? Parecem pequenos vagalumes...- diz ele, pensando que depois vai conseguir lavar a louça enquanto a máquina do café fica pronta para um cremoso café expresso. Chico Buarque ficou a tocar, um amigo veio ligar-lhe o dvd novo e experimentou-o com Carioca. E depois, se ela for sensível à poesia da semelhança, do que se parece com, as pequenas gotas de chuva irão ser uma espéciezinha de luz e eu e ela vamo-nos comer como uns valentes. Ela sorri.
- São mesmo vagalumes! Pirilampos! E depois explicou-lhe promenorizadamente o que eram os pirilampos e como lhes nasci a luz na cauda. Ela sabia do que falava. Quando era criança, com os seus irmãos, apanhava muitos pirilampos para poder ter luz no quarto. Metiam-nos dentro de um frasquinho e adormeciam antes de perceberem que eles tinham morrido, faltava-lhes o ar. Era assim também com ele. Faltava-lhe o ar.
3 comentários:
Muito bom, pirilampo!
Luz mais cintilante!
Não deixes que te falte o ar.
Abraço
~CC~
Este blog é isso mesmo. Ar para Respirar.
Enviar um comentário