sábado, janeiro 12, 2008

Quintal.blogspot.com

Trago as coisas para o meu quintal. Coloco Yulduz Usmanova no portátil. É um som que abre este pequeno perímetro de terra para um mundo maior. Transporto a mesa para o quintal. Quase tudo na minha vida é desmontável. Ponho livros em cima da mesa. Discos. O Público. Vou almoçar e depois passar a tarde, distendendo os sentidos, alongando-os. Há um exercício, uma ginástica do sensível. A vizinha do terceiro olha-me lá de cima. Sorrio-lhe, com aquela cumplicidade que temos com quem vamos partilhar momentos tão íntimos como a deglutição deste esparguete com queijo e bacon. Ou um ovo estrelado com canela, sobremesa que inventei há dois ou três dias. E o café. Ou até a escritura deste pequeno post. Eu sei que ela não entende esta minha publicidade. Mas é tudo tão simples. E nem falo de ter sido actor e de este quintal poder também ser entendido como um pequeno palco onde volto a dar sentido à minha vocação de comediante. Ou por outras palavras, como caricaturizar os outros se não nos prestarmos a rirmo-nos de nós mesmos? Poderia ser. Mas não é. Ainda mais simples a explicação: em primeiro lugar, embora ela não saiba, estou a vampirizar esse seu olhar disfarçado e encapotado para dar sequência a este post. Sem ele não teria o mesmo sentido. E depois, quem tem um blogue como o respirar não é um qualquer quintal.blogspot.com que lhe desnuda as entranhas...

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