quinta-feira, janeiro 03, 2008
Sondagem de Rua
A vida é muito engraçada. Metade das pessoas que conheço que sempre fumaram em espaços fechados, no local de trabalho, hoje foram plantar-se à porta da rua dizendo, eu cá fumo mas acho muito bem, enquanto que por outro lado um terço das pessoas que conheço, mais concretamente eu e um amigo meu, ex-fumadores, brandíamos o já costumeiro, tá mal, não devia ser assim, de um momento para o outro.
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4 comentários:
oh jpn, se fosse assim tão simples.
nas minhas aulas de história nos tempos de faculdade, nunca nenhum dos cerca de 110 alunos que fumava se preocupou com a meia-dúzia que o não fazia e o professor acompanhava-os nessa tranquila indiferença.
as viagens entre lisboa e o porto, de camioneta ou de comboio, eram um suplício de janela fechada.
o trabalho nos ateliers ou noutros empregos, um fumadouro constante.
ainda hoje, no meu local de trabalho, os já poucos fumadores não fumam na sua sala, mas vão fumar para junto do atendimento ou para a secretaria, indiferentes também aos que aí trabalham e não fumam...
... e tantas outras histórias haveria para contar :) que talvez reconhecesses.
não sou fundamentalista, naquilo que constitui a minha opção pessoal: ou seja, não me causa impressão nenhuma jantar com amigos que fumam num local para fumadores, porque é minha opção fazê-lo. ou ir ao café, ou estar numa festa, ou no foyer de um teatro.
mas não aceito que, onde não há escolha - locais de trabalho, por exemplo - um qualquer vício seja imposto a quem dele não padeça.
não tenho pena, assim, dos fumadores. todos temos limitações e contratempos no nosso dia-a-dia e já há muito que os fumadores se vêm adaptando a algumas restrições :) com comportamentos engraçados, até. como preferirem viajar nas carruagens de não fumadores (sempre as primeiras a encher) e ir fumar ao bar, durante uma viagem de comboio. há vinte anos, seria impensável :)
(o que andámos para aqui chegar :)
É assim o dito Mundo, são assim as pessoas"...
Adorei os momentos aqui passados. Jinhos
claro que não Blue, claro que não devemos ter pena dos fumadores. aliás, a ironia da situação que tentei descrer é que nem acredito na sinceridade dos fumadores que dizem que acham bem ( porque senão, como bem dizes, não tinham fumado tanto tempo sem se preocuparem com os outros), nem na dos ex-fumadores, como eu, que dizem que está mal.
mas atenção e ironias à parte:
independentemente da vertente social de que eu e tu falámos, no post e no comentário, há um outro aspecto, sobre o qual não falei e que me agrada menos neste dispositivo legal:
- quando se impede que haja cafés e estabelecimentos só para fumadores está a impedir-se o mercado de constituir uma oferta para um determinado grupo de pessoas com uma identidade comum, a prática do tabagismo;
- ora, numa sociedade de mercado, a impossibilidade de constituir uma oferta é sinónimo de marginalização social;
- há imensas práticas sociais feitas na reserva dos grupos que as praticam, e para as quais o mercado constitui ofertas específicas;
Isto parece-me uma ressonância de um autoritarismo de estado que rejeito.
no meu comentário anterior dei a entender que a lei impedia a possibilidade de existirem locais só para fumadores.
ora - por mais que o meu argumento contra o autoritarismo de estado fizesse rejubilar a minha criança rebelde - isso é falso.
ou, glosando o fim do comentário anterior, uma ressonância do achismo que também rejeito. Por isso esqueçam o final do comentário. eu vou pôr a minha bandeira da rebeldia noutro morro qualquer.
3:54 PM
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