sábado, abril 19, 2008

A luta pelo poder no PSD

Ao contrário daqueles que acham um pouco deprimentes estes períodos de tensão na vida partidária, sou daqueles que os vêem como as alturas onde ainda é possível ver para o lado de dentro dos partidos. Por isso acompanho com interesse a lista dos putativos candidatos à liderança. Não creio que Luís Filipe Menezes vá recandidatar-se. O país, por mais pequeno que seja, não é a distrital do Porto do PSD e os golpes afectivos de Menezes são contraproducentes quando se trata do lugar que assegura directamente a função de primeiro ministro na oposição. É inegável que quem marca eleições para 24 de Maio está por um lado a viciar o jogo, por outro a negar tempo de conspiração e realização a um sem número de notáveis do PSD que só existem como putativos candidatos, mas não restam a Menezes nenhumas possibilidades de assumir a sua candidatura. A forma como ele falou de Manuela Ferreira Leite, Aguiar Branco e António Borges é sintomática de um desejo profundo de ver o jogo do lado da tribuna. Aguardo com expectativa o desenlace da candidatura de Pedro Passos Coelho, para mim aquele que, enquanto Sócrates for o líder do PS, pode ser o mais sério candidato a primeiro ministro na oposição. O que revela desde logo uma ideia curiosa: Pedro Passos Coelho é - dos até agora falados como candidatos - aquele que melhor pode corporizar a ideia de líder politico que Sócrates materializou no nosso imaginário político, tal como Sócrates de certa forma valorizava a ideia de liderança política que Cavaco Silva instituiu nas nossas referências politicas, mesmificando-a nos conceitos da firmeza, da autoridade, da determinação, diferenciando-a através da modernidade, da juventude. Não é isto um elogio a Passos Coelho. É apenas um reconhecimento da influência que têm os nossos imaginários políticos. E a forma limitada como eles se reproduzem. O pai (autoritário), a mãe (conciliadora), o filho (robusto). O espírito santo é de outro filme.

3 comentários:

Mónica (em Campanhã) disse...

não Joaquim, o PPP não, é um político, um boy, desde o berço; haverá nele algo mais além do partido?

JPN disse...

Tens razão claro, Mónica. Eu não tenho esperanças nele. Mas aguardo com expectativa a sua campanha já que reconheço que enquanto Sócrates for primeiro-ministro ( e ele também é nesse sentido um boy, um tipo que se formou no partido)ele tem hipóteses. E estava a ser egoísta. Gosto de ver homens com olhos bonitos na política. Mas tens toda a razão, o PSD ( e o PS) mereciam mais.

:)

Helena (em stª Apolónia) disse...

ainda tentou a matemática... foi meu colega na FCL no primeiro semestre do 1º ano, ah...