domingo, junho 29, 2008

The blog must go on ( ou o ser em estado de blogger)

A génese da coisa técnica.
Há cinco anos atrás, estávamos em Junho de 2003, um grupo de autores de teatro, instigados pelo Nuno Nabais e pelo Abel Neves, ou melhor, pelo Abel Neves instigado pelo Nuno Nabais, reuniu-se nos festejos de São Boaventura, na rua do mesmo nome, onde pontificavam duas livrarias, a Ler Devagar e a Eterno Retorno, no Ciclo de Autores Dramáticos. Nessa altura eu tinha um site, Escrita Teatral onde me dedicava à divulgação da escrita de teatro. O interesse pelo ciberespaço era crescente. Falou-se entretanto, creio que foi o Carlos Alberto Machado, que havia uma nova coisa que dava para actualizar, que era à borla, o que era importante, o Possidónio tinha um, o Prazer Inculto. O Carlos avançou com a decifração dos scripts, dos htmls, e lá começámos a partilhar informações. Estávamos no inicio, os blogues eram dispositivos bem menos amigáveis, tínhamos de ir vendo aqui e acoli, para introdução de novas fontes, fotografias, e pouco mais. O Carlos Alberto Machado criou o seu Campo de Afectos, eu, com as dicas que ele me deu, o Respirar O Mesmo Ar. Ao princípio havia uma regra de ouro para evitar o grande desastre: saber começar e acabar uma frase html. Depois veio o resto. Lembro-me que foi a Sofia do Mal que me ensinou a colocar imagens sem distorcer o aspecto do blogue. Estou a falar da génese tecnológica. Agora o blogger é um amigo muito mais completo e dedicado: está estabilizado, fala português, edita imagens, vídeos, músicas, inquéritos, acompanha o que os nossos blogues de estimação fazem e ajuda-nos a ir buscar recursos externos. É um mundo muito sofisticado e tão próximo que parece quase natural.
A génese ainda, mas um pouco para além da tecné.
Quando aqui cheguei eu era o quê? Um animador, um animador sócio cultural, dramaturgo, um tipo interessado no teatro, que já tinha sido actor, com formação em comunicação, com alguma actividade pedagógica, outra tanta de animador teatral (ligado ao movimento nacional de expressão dramática, com alguns vínculos também a algumas práticas internacionais neste domínio, principalmente os que tinha criado no princípio da década de 90, aquando do Congresso Mundial de Teatro e Educação (Rivoli, 1992) e do 3º Congresso Internacional de Sociologia do Teatro (CAM-FCG, 1992), em cuja organização trabalhei activamente). E profissionalmente, estávamos em 2003, trabalhava num instituto público com fortes tradições na actividade cultural amadora. Digo isto para que se compreenda a dimensão da seguinte afirmação: eu estava totalmente comprometido - era mesmo a condição base do meu enquadramento neste mundo - com o trabalho que a expressão e a comunicação faz à vida das pessoas, quer entendidas de forma individual, quer de modo colectivo e nesse sentido a blogosfera era uma grande revolução, a revolução que faltava. Explicando-me melhor: até ter chegado a blogos eu tinha passado a melhor parte da minha vida fechado em salas com grupos de isto ou aquilo, crianças, professores, jovens, idosos, a fazer umas habilidades que aprendi no teatro, como a construção de personagens, no pressuposto de que cada um de nós tem dentro de si um universo de imagens, de ideias, de signos, com os quais organiza a sua percepção do mundo e que é desse trabalho, em grupo, que é feito um melhor mundo, uma melhor vida. A blogosfera era assim um sonho ampliado a mil: imagine-se que para além de ver toda a gente interessada em exprimir-se como se o planeta se tivesse tornado num imenso Hyde Park, a vejo interessada em exprimir-se através da escrita, que é um modo mais reflexivo, mais depurado, mais organizado. Uma vez, num encontro de playworkers lembro-me que alguém apresentou um painel sobre um projecto de escrita através de sms, feito ou na Suécia ou na Noruega, já não me recordo, com miúdos de idade escolar que apresentavam um grande divórcio em relação à expressão escrita. O grande trunfo do projecto era conseguir que, mesmo com frases minimalistas, redutoras, numa escrita abreviada, todos nós conhecemos traços dessa codificação, os miúdos passassem muito mais tempo a escrever. E se isso aconteceu assim agora imagine-se a grande esperança que é a blogosfera onde lemos mais, escrevemos mais, onde nos identificamos pela sedução que as nossas mais pequenas estratégias discursivas podem ter numa comunidade que vamos forjando ao passar do tempo. Era a grande democratização de tudo o que tem a ver com a expressão. Esse era o meu fascínio inicial. Mantenho-o em parte, não viria aqui dia após dia se não mantivesse essa utopia de uma aldeia global onde cada um é simultaneamente riso e expressão de si mesmo.

O grande problema que se defronta quem sente a necessidade de cultivar a expressão própria, é a da dificuldade de superar os imensos filtros, sociais, políticos, aristocráticos, que se colocam a quem se quer afirmar na actividade expressiva. Esse fosso enorme precisa de ser transposto por todos, é isso que pensava o animador que eu era e que tinha nesse acesso indiscriminado à expressão uma das fontes de qualificação da vida em comunidade. Se eu dizer que pensava que o ser oculto pela sua própria expressão inexistia, compreendemos de imediato o valor que eu atribuía à actividade expressiva. Digo que pensava porque suspeito que hoje já tenha um ponto de vista um pouco diferente sobre isso. O que me parece hoje é que esse dinamismo tensionado entre os filtros que condicionam a possibilidade de acesso à expressão livre de cada um e essa ideia de que é preciso transpô-los, é uma narrativa efabulada sobre o devir de cada um enquanto matéria publicável que, politicamente, é muito favorável à manutenção desse mesmo status quo. E que não deixa que nos concentremos noutras alternativas. A edição de cada um que a blogosfera e o ciberespaço nos propõem é uma dessas alternativas, uma nova possibilidade tão boa, ou melhor, que a edição tradicional. Por vezes há pessoas que para me elogiarem o escrevinhar dizem que eu deveria escrever um livro. É um dito amável. Tinha uns amigos do meu pai, pessoas muito humildes e sem instrução, que, quando ele começava a falar olhavam para mim a ver se eu estava cheio de orgulho e que depois me diziam, o teu pai devia ser primeiro-ministro. Cresci assim com a ideia de que a felicidade era não só sermos outra coisa do que aquilo que realmente somos como também termos alguém próximo que ache que nós merecemos sermos mais qualquer coisa do que aquilo que somos. Quanto a mim já tenho uma meia dúzia de peças publicadas e foram-me muito úteis durante algum tempo, principalmente no campo amoroso. Sempre que tinha uma nova relação, de uma forma mais ou menos disfarçada, e ao crescer da idade com a maior descrição possível, arranjava maneira de lhes levar os meus livros. Nunca nenhuma os leu, o que reputava de uma enorme bondade, porque assim pude manter intactas as minhas pretensões literárias. Mas durante alguns anos assim procedi com zelo e garbo. Também em termos familiares me foram muito úteis. O meu pai publicou o seu primeiro livro já depois de se ter reformado e eu nesse aspecto assumi a liderança editorial. Creio mesmo que é das minhas poucas façanhas que a minha mãe se gaba com as amigas. Digo isto para que fique claro que a única diferença entre o publicar no respirar o mesmo ar e numa chanfana qualquer por aí montada é que, e faço uma única excepção, a minha mãe, por enquanto, que ela já anda à roda do pc e no outro dia mandou-me um email mas dizia, a única diferença é que no respirar lêem-me, lêem-me as palavras, os sentidos, o que está lá, o que não está, o que poderia ter estado e eu não sei mesmo o que mais pode aspirar uma pessoa, uma pessoa de bem, a pessoa de bem com cujo devir sonho todas as noites quando me deito, de tal modo que hoje já não sei quem sou. O JPN? Quem é este ser em estado de estranha publicidade? Tenho algumas dúvidas. Tento vir aqui com a mesma naturalidade com que, aos quinze anos, me sentava à secretária e escrevia o meu diário, numa pasta de capa castanha sem alguma protecção, todos os meus vícios, os meus pecados, os meus sonhos, os meus fracassos e desesperos numa capa castanha à mercê do desfolhar de alguém mais curioso , apenas um distíco, uma mensagem, dizia, não mexer, tem jacaré lá dentro, mas por vezes penso, que loucura é esta? Não leio o que está para trás. Se o lesse apanhava um susto. Tenho uma amiga que aqui vem que diz que às vezes se sente ruborizada ao ler o detalhe da exposição das minhas entranhas. Sou um ser estranho em estado de blogger, somos todos seres estranhos em estado de blogger, havemos de descobrir. O teatro, o estar em cima de um palco, ensinou-me, sei lá se me ensinou, interiorizou-me esta ideia de que há uma circunstância exibicionista dentro de mim, dentro da minha alma de actor. Um instante de exibição, de vaidade, de querer ser, de querer ser reconhecido, de querer ser admirado, de querer que digam que eu sou o melhor escritor do meu prédio, nem que seja do meu andar, ou até da minha casa, mas que possa adormecer hoje com a sensação de que cumpri o meu dever de agiota dos meus próprios sentimentos. Mas também, e é tão rico e complexo o tempo do teatro, outro instante de revelação, de verdade revelada, de aproximação ao fugidio momento que é estarmos uns diante dos outros, de nos construirmos sem peneiras, sem maneirismos, sem merdas. Há nesse instante trémulo de actor, e é a extrema publicidade que alumia a folha branca digital onde escrevo, outro momento: o momento de raiva, de fúria solidária, o momento em que cada um de nós tenta ser alguma coisa para quem passa, e que depois leva essa indefinida coisa para outro lugar, um link, uma ligação, o mundo inteiro assim. Hoje já não sei quem sou e é esse estado de indecisão que me traz aqui. Como se o pudesse descobrir aqui, escrevendo, escrevendo-vos.
Metablogar
Tenho micróbios filosóficos desde a mais tenra idade, assim me disse a Xana, com quem partilhei carteira no primeiro ano de turmas mistas na escola Damião de Góis nos Olivais. Ela fez-me um desenho e no lugar da cabeça pôs-me um ponto de interrogação. Tenho essa circunstância especulativa que se debruça sobre o falar, o falar sobre o falar, sobre a falação, sobre os falantes, falatório incontinente: uma das primeiras iniciativas que tive foi criar o metablogue, onde eu recolhia fragmentos do pensamento blogosférico. Na altura era novo o fenómeno e estava ainda em constituição. Era por isso frequente que o falar na blogosfera, a criação de nomes como o da própria blogosfera, dessem espaço a inúmeras e acaloradas discussões. Havia quem quissesse fazer disto uma espécie de salão de chá, se tu me linkas tenho de te linkar - a conversa mais estrambólica que tive foi com uma blogguer hoje muito renomada, dando-me um raspanete por não lhe ter colocado o link, coisa que ela já tinha feito - ou as conversas com o blogguer do Cruzes Canhoto e também, claro, com o João Nogueira que se juntou comigo no metablogue e lhe arranjou casa no país weblog do Paulo Querido. O projecto morreu logo ali com a sua internacionalização, e com um novo look mas o pensar blogosférico foi-se estruturando de outras formas. Creio que ainda não tinham chegado blogguers como, entre outros, o Luís Carmelo, que se tem dedicado activamente a procurar um modo de pensar a rede. Disse atrás que para lá do meu fascínio por este novo meio há também um crescimento da minha posição crítica sobre esta presença, sobre a mesmificação dos discursos, sobre o aumento da disponibilidade para a manipulação das ideias, das realidades, dos comportamentos.
Há um tempo de fractura de paradigmas, da ruptura epistemológica - de que falava Bachelard e que tanto me fascinou nas aulas de filosofia de saída do secundário - de crise, crise no seu sentido mais produtivo, enquanto momento em que neste dinamismo ordem/caos que rege permanentemente os nossos dispositivos sociais a poeira ainda está toda no ar, há um tempo em que um novo meio - e o blogger é um novo meio - pode ainda ser tudo, tem em si a possibilidade de ser muitas coisas, de romper com o que já está estabelecido, de criar novos paradigmas, novos comportamentos, e é nesse momento, que é muito breve, que se constroiem ou não dispositivos que consigam acrescentar valor à dinâmica social. Antes de mais uma precaução: não se deixem iludir nem pelo tom sério nem pela hipotética utilização do sociologuês deste post, ele não tem nenhum autorização para utilização de qualquer tipo de terminologia científica, é um mero post-achismo que caracteriza tudo o que escrevo. E vamos então ao osso: embora o dispositivo ideológico de produção de sentido das nossas sociedades seja difuso, pluricentrado, e tenda para a incorporação dos seus procedimentos, tornando-se invisível, ele não só existe como tem uma capacidade muito rápida de se regenerar. Há um momento muito curto, que era daquilo que tentava falar, em que s epode criar a surpresa, confundir o sistema, baralhá-lo, levá-lo a criar respostas erradas, a reorganizar-se mas isso é o tempo de um ai, de um suspiro. É possível que um blogue dos gatos fedorentos abane o sistema e que num canal da sic radical possa ter criado a esperança de que iriam abanar a estrutura do fazer humor em Portugal mas passados os seus quinze minutos de glória soporífera eles estarão, sem coroa nem glória, a vender comandos da televisão por cabo. É a vida, a lei da vida, do terrível e impiedoso dispositivo ideológico que nos controla a todos.
Eu creio que foi isso que se passou com a blogosfera e o o modo muito rápido como ela funcionou à escala global surpreendeu o próprio sistema que a gerou, abanando, num ápice, estruturas ideológicas muito rígidas, como sejam aquelas que politicamente definem a questão da autoria, que é a pedra basilar de toda a investida das politicas de mercado ( a patente, a marca registada, o direito de autor, o direito de edição, como instrumentos do controle político muito forte sobre as questões da reprodução). Nós somos levados a pensar que a questão da autoria sempre foi tratada da mesma forma. E não é verdade, ou não será verdade assim. O autor foi uma realidade que se instituiu de uma forma absoluta, incontornável a partir da invenção da tipografia e do livro e pode ser entendida como uma medida do mercado para valorizar a produção editorial. E que poderá estar a sofrer, hoje, o mais violento golpe da sua existência com o hipertexto. Que é um texto esburacado, com viagens para fora dele, viagens que completam a autoria do texto. Ora que texto é que cumpre melhor a vocação do hipertexto do que o post? Olhem lá a barra de ferrramentas da edição do vosso blogguer: formatação, cores, indexação, corrector ortográfico, fotos e vídeos (mais elementos hipertextuais) e a corrente das ligações. O próprio título já vem com a sua indispensável ligação. Porque enquanto o Joaquim Paulo Nogueira se senta à sua secretária para escrever textos cuja viabilidade expressiva resultam de expressarem a sua individualidade, a sua marca autoral, aquilo que o JPN escreve é mais ou menos interessante conquanto abra para outros universos (posts, blogues, imagens, vídeos) que não o reducionismo da visão de quem escreve. O respirar está outro desde que faculta a leitura - como se numa banca de blogues - aos títulos dos seus blogues de estimação, de referência.
O Respirar a várias vozes
A primeira pessoa a escrever aqui assustou-se, deixou apenas um texto ou dois e foi construir casa própria: era a M. Depois veio a Lol Van Stein, escrita errante também. A Textura, a Celta e a Intérprete. Foi um período em que tive uma relação complicada com o Respirar, cheguei a sentir que já não era o meu espaço - puro sentimento de posse - criei até um outro, com admissão mais reservada, onde podia estar à vontade com os meus demónios e os meus duendes. Sinto uma enorme gratidão para com todas estas vozes que enriqueceram este espaço mas foi com alívio que me vi só outra vez, percebendo que este respirar é, mais para o mal do que para o bem, um palco para um longo monólogo.
A blogosfera, uma comunidade
Para mim aquilo que dinamiza a blogosfera é o facto de ser uma comunidade. Uma comunidade de leitores e de escritores de posts. Tal como os amigos do café. Ainda não perdi a excitação por fazer um novo amigo na blogosfera e tenho uma renovada atenção aos meus bloggers de estimação, amizades blogosféricas, termo confuso mas que aceito como expressão desta afeição, dessa disponibilidade para me interessar pelo que escrevem pessoas que na sua maioria só por acasos de cruzamentos na vida conheço para além dos seus nicknames: o Luís e a Sofia do Mal, o Luis Novaes Tito da Barbearia, o Bruno do Avatares, a Carla de Elsinore, a Mónica da Linha, o CBS, de La Force des Choses, a Cláudia do Blues Molleskin, a Cristina da Poeira, o Fernando Esteves Pinto, da Escrita Ibérica, a Princesa das Estrelas, a Amelie de Ninguna Parte.
Por outro lado vi chegar a este meio muitos amigos que conheço das bandas da realosfera, e que se misturam, na coluna de blogues d@s amig@s com os amigos virtuais. Esta mistura entre o virtual e o real não me embaraça, não concedo muitas taxas alfandegárias entre um e outro campo. São categorias de percepção, da nossa percepção do mundo às quais valorizamos mais ou menos conforme os nossos engajamentos ideológicos. Eu lembro-me sempre do meu grande amigo Pedro Alpiarça quando numa entrevista para o DN Jovem me dizia que fazer teatro era "brincar, brincar a sério, é é no brincar que está a seriedade da coisa". E por outro lado o ver a forma como a minha relação com amigos de há muitos ou poucos anos se completa através da presença aqui, é também mais um indicador para perceber como é que a blogosfera entrou nas nossas vidas. Gosto de saber que os meus amigos andam por aqui, pela blogosfera e gosto também de a blogos ter trazido uma realosfera perdida num buraco negro da memória como é o caso da Olivesaria, que me tornou ao bairro da minha juventude.
A vida, e a política, para além da blogosfera
Num aspecto a blogosfera desiludiu-me profundamente: eu pensava que também poderia haver aqui uma exponenciação da ideia da política, quer dizer, de um saber comunitário que se elaborasse e - da mesma forma que ao nível da expressão a blogosfera nos traz à luz, e ao negrume, da evidência expressiva - que a blogosfera pudesse servir para que, colectivamente, pensássemos mais e melhor sobre as coisas. Teremos de inventar uma outra coisa para isso: a politosfera, por exemplo. A blogosfera está construída à imagem e semelhança do indíviduo, e embora seja mais que um remake do individualismo pós-moderno é entendível enquanto exponenciação dos universos individuais. Não de cada um como autor mas de cada um enquanto câmara de eco do mundo onde se conecta. É ver o empobrecimento expressivo - tanto que mais vale a pena procurar outros meios de comunicação - quer em termos de temas que em termos de análise, quando algum mega-acontecimento une a vilória global. Há uma profusão de posts em que o mais interessante que eles manifestam é a vontade de estarem dentro, de partilharem, a agenda discursiva global.
Alegação final: Tinha pensado estar um dia inteiro a escrever, pensando sobre tudo o que me aconteceu nestes últimos cinco anos (e algumas destas coisas aconteceram-me não só quando estava online, também online). O escritor de posts que um blogger é existe como qualquer pessoa: não pode suspender a sua vida para escrever um post nem suspender um post para viver a sua vida. The blog must go on, é o lema para este antigo actor. E para além daquilo que com impúdica publicidade escarrapacho aqui há outras coisas que vem, forçosamente ter aqui ao blogue. Dá-me grande alegria saber que durante algum tempo este blogue funcionou como uma rede de amigos à volta com o luto de uma tragédia que lhes brutalizou a vida.
Um obrigado a todos os que comigo têm partilhado esta minha ainda aventura de ser em estado de blogger.

[Imagens de G.Krumme]

8 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

Querido Joaquim, longo balanço em jeito de texto? Ou será o contrário? E pensar que comecei a respirar este ar ao procurar informações sobre a tragédia, para além das que vinham nas notícias! Depois habituei-me e falei dele aos amigos. Timidamente ia comentando e lendo divertida ou entristada os teus posts mais íntimos e pensava quem seria este louco que assim se "despia" em público. Até que chegámos ao jantar dos salmonetes e ao cruzamento de tantas linhas e ao vídeo do "Manel" uns tempos depois. Até que, respirar aqui passou a exercício diário, a maior parte das vezes em silêncio. Continua, pois a respirar assim, a gente vai sentindo as batidas e respirando a compasso. Um grande abraço

sete e pico disse...

bonito esta teu balanço dos 5 anos deste blog. Que continuemos a respirar o mesmo ar por muitos mais. Parabéns!

Mónica (em Campanhã) disse...

descobri-te quase quando descobri a blogosfera e foi como respirar um novo ar que se esperasse há muito tempo. essa do homem com um ponto de interrogação no lugar da cabeça é genial. é um bocado assim que me deixas. é à procura disse também que cá continuo a vir, já to disse, é á espera de pensar melhor.

na prise és bestial disse...

um abraço de parabéns ao amigo que me explicou o que eram os blogues, essa terra distante que afinal já não é.

CCF disse...

Vale a pena pensar o que isto mudou na forma de agir e pensar sobre o mundo. A forma como um tema se propaga rapidamente de blogue em blogue como um incêndio ou como por aqui se contaminam formas de protesto. Tenho ideia que é tudo veloz e que tanto enche como se esvazia sem grande impacto...fico a pensar no que dizes.
Vale também a pena pensar porque precisamos desta forma de comunicação e/ou até que ponto isto substituiu outros lugares de encontro ou se por aqui há sequer encontro. Fico a pensar também nisto.

A poesia que passa intensamente por alguns bocados de eu que aqui se expõem é ainda o que mais gosto: em ti e nos outros. É mais que o nosso diário dos dias, são os nossos mundos interiores com direito a voz.

Continua Joaquim enquanto isto for um prazer para ti, para nós é.

~CC~

Luís Novaes Tito disse...

É um ar fino e leve este ar que se respira há (já?) cinco anos.

Um ar de Peter Pan, de magia, de vida feita escrita.

Um ar que se agradece a quem o deixa respirar.

Um abraço

jpt disse...

devias escrever um livro

Luís disse...

Joaquim, foste o primeiro.