domingo, junho 01, 2008

Radicalismo

Aqui onde escrevemos, onde pensamos, devemos fazê-lo radicalmente. Temos de ir ao osso. O capitalismo é um sistema que sobrevive à custa de dois mitemas fundamentais: um, o de que existe paraíso e de que ele está acessivel a cada um de nós (venda, leasing, seja lá o que for). O outro o de que o seu desmoronar será a catástrofe, o dilúvio. A sedução e a ameaça, a intimidação. Quanto mais básicos os recursos retóricos, mais eficazes.
É preciso dizer que há saída. Que a ilusão é possível. Podemos e devemos continuar a alimentar a parte esquerda do nosso cérebro.

4 comentários:

David (em Coimbra B) disse...

Amigo, canhoto que sou, alimento a parte direita do meu cérebro. O mesmo fio da navalha.

xai xai disse...

Meus caros amigos dinossáuricos (aqui posso dizer os nomes, não posso?) Quim e Zé:
Esta divisão entre esquerda e direita é que é o verdadeiro "recurso retórico básico". Temos que criar um novo modelo? Sem dúvida! E como se faz então? Com o lado esquerdo do cérebro? Porquê? A esquerda tem soluções para diminuir a "injustiça e as desigualdades"? Porque será que a maioria não acredita? Temos o exemplo do Maio de 68 que poderia ter funcionado como alforge de uma nova geração dirigente e que apenas produziu uma incoerente "gauche caviar".
Do mesmo modo que não considero que a esquerda falhou, apenas porque as experiências esquerdistas se degradaram, também não condeno as experiências capitalistas porque se tornaram reféns dessas instituições famigeradas que são as grandes multinacionais, os mercados financeiros e os seus sofisticados produtos estruturados (um destes dias o meu partido ainda me chama ao Caldas para devolver o cartão).
Acredito na capacidade do Homem para aliviar a visão antropocêntrica que domina as principais ideologias. Acredito que poderíamos muito bem caminhar para uma nova ideologia que se poderia chamar participacionismo. É imperioso construir um caminho entre a democracia directa e a representativa. Participar é o caminho. Defendo a limitação de mandatos. Defendo as discriminações positivas, sejam elas etárias, de sexo, de nacionalidade, de rendimentos, o que for necessário para que a "representatividade seja directa". Virtualmente ninguém deveria passar por este planeta ser ter tido pelo menos uma experiência de gestão da "coisa pública". Não entendo porque é necessário ter 50/60/70 anos, ser homem, uma profissão liberal e barriga para ser deputado. E porque é que a participação política se confina aos partidos? E porque é que nas autárquicas, onde me parece que já são permitidas candidaturas independentes estas são residuais e na maior parte dos casos têm origem em roturas partidárias. Custa dinheiro? Pois custa! E quanto custam os autarcas que se mantêm durante dezenas de anos alimentando esquemas de corrupção sem controlo. Defendo que a constituição deveria prever uma percentagem do orçamento de estado para custear a participação política. Assim como defendo de forma radical e absoluta a interdição de qualquer tipo de apoio financeiro aos partidos ou quisquer outras formas de exercer política, desde a simples moeda numa caixa de contribuições até ao donativo "desinteressado" do empreiteiro da terra. Não acredito em "almoços de borla" na política.
Já agora, questiono: isto que escrevi é de esquerda, de direita ou apenas a minha visão?

Fulacunda disse...

olha o Xai também veio aqui dizer de sua justiça! E fez muito bem mas, JPN, se te der jeito posso te emprestar a resposta que deixei no meu ...

... a menos que estivesses efectivamente a falar da esquerda como área da política e não do universo cerebral como eu depreendi. Aí o caso muda já de figura e eu deslinko-te pá, ai pois

JPN disse...

dá-me muito jeito mesmo, Fula! é isso mesmo.