Não digas que és livre.
Passeia livremente pela avenida, cumprimenta livremente os teus amigos, saboreia até a liberdade de um encontro, de um cruzar de olhos, de uma palavra mais meiga no fim da tarde. Ou anda pela rua como se fosses um príncipe. E entra no hipermercado e compra um frasquinho de liberdade em ampolas dietéticas. Em granulado integral, daqueles que vêem em pacotes de plástico. Ou em peças separadas para montar. Faz, com a liberdade, tudo o que quiseres. Só, na altura de dizeres, sou livre, olha o recibo de ordenado, o contrato da tua escravidão-promissoriada, atenta nas letras pequeninas com que te enfiam a república pelo cu acima e recolhe-te num silêncio inexpressivo. Se todos os dias assim fizeres, pelo menos, não comprometerás, mais uma vez, as gerações vindouras.
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