terça-feira, agosto 19, 2008

Adeus tristeza

Hoje tomei uma decisão irreversível: pôr um ponto final na tristeza que se me veio e que parecia nunca mais arranjar forças para ir embora. Eu sei, pôr um ponto final numa dtristeza é já de si uma atitude depressiva. No entanto, quando um estado depressivo nos (des) anima, todas as nossas atitudes, mesmo as que nos estão a empurrar para fora da tristeza, são depressivas. Ou seja, há atitudes que são depressivas - porque vivem e morrem numa tristeza - que não escavam ainda mais a tristeza que nos assola. Ainda agora fui lá atrás, ao dia 20 de Setembro de 2007 e soube que nunca irei conseguir tapar a dor da sua perda. Talvez esteja a ser injusto comigo mas neste último ano sinto que não fiz verdadeiramente nenhum amigo. E não foi por não ter conhecido pessoas que são pedaços raros de uma vida que quero compartilhar. Pessoas a quem chamo amigos quando me sento diante de mim, do meu silêncio interior e digo, resiste, já está quase, é já manhã, o dia claro que aí vem. Não fiz verdadeiramente nenhum amigo por uma única razão: não tive coragem. Havia qualquer coisa que me dizia sempre que a dor de perder um amigo é como um ácido que nos corrói por dentro e isso assustava-me diante de uma nova amizade. Fechava-me em mim. Aprendi a ficar triste sem tristeza. Vazio. Não sou, talvez por cobardia, um suicida. Mas neste quase ano que passou amarguei em seco muita vez e nem sei se pensei ou se desejei que um dia o meu corpo se esquecesse de mim e me deixasse ir ter com o meu amigo. Era um delírio, não uma vontade. A minha condição é, como a de todos nós, estar aqui, ao pé dos meus vivos.

4 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

Mas, sabes Joaquim, para recomeçar todos os dias é preciso uma dose de coragem maior do que para acabar de uma vez e, assim, não se ser capaz de esperar pelos dias luminosos que teimam em não chegar, embora saibamos que eles existem. É assim, a condição de EXISTIR. Abraço

JPN disse...

eheheheheh! não meço coragens desde que deixei de medir pilas! mas claro que tens razão em relação à coragem do recomeço quotidiano.abraço

Cristina Gomes da Silva disse...

Essa de não medires coragens parece-me um bom princípio (nem foi isso que quis dizer), tal como não medir outras coisas...;) mas precisamos sempre de alguns azimutes. Bjs

Luís disse...

grande joaquim