Leio este post e subscrevo-o mentalmente. Escrevi aqui algumas vezes sobre a prisão preventiva de Paulo Pedroso e sobre a forma como o processo, a investigação, nos chegava. Eram palavras de um cidadão comum às voltas com a informação pública, e publicada sobre o caso. Muitas vezes me questionei sobre aquilo que era levado a pensar. Por exemplo, se não havia um filtro afectivo que me unia a pessoas a quem me habituei a deixar entrar em minha casa, se bem que dentro de uma caixa mágica, impedindo-me de deixar desenvolver a minha empatia com aquelas crianças. Cinco anos depois a longa jornada que Paulo Pedroso encetou para o resgate do seu bom nome e da honra tiveram um juízo próximo do definitivo. Eu sei que há um recurso. Mas o facto de ter sido publicada a sentença faz com que cada um de nós, ao lê-la, possa também formular o seu próprio juízo. E fiquei profundamente triste. É hoje inequívoco que houve um conjunto de crimes de abuso de menores entregues à guarda do Estado e que esse conjunto de crimes, designado globalmente por caso casa pia, só pode ter sido cometido porque esse mesmo Estado, na figura da entidade de quem devia guardar aquelas crianças, a Casa Pia, foi no mínimo relapso, senão mesmo conivente ou até, autor. É também inequívoco que o Estado investigou mal, ajuizou mal e criou condições para que não haja apuramento da verdade. Que é a única coisa que poderia não só resgatar os crimes cometidos do limbo da impunidade, como devolver a todos os envolvidos a dignidade essencial.
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