sexta-feira, outubro 24, 2008

Desgraça de me chamar Joaquim ou louvor de Amsterdam

Não gosto do blogue da Ana de Amsterdam. Poderia desfiar um conjunto de razões para isso. Não o faço. Nenhuma delas me livraria da sensação de que seria por um outro conjunto de não razões que não gosto do blogue dela. Poupo-vos ao enunciado tanto de umas como de outras. A única Ana de Amsterdam que conheci e que amo até às entranhas é a do Chico. O que interessa é que até hoje nunca a meti nas minhas ligações. Também não saberia bem onde. Blogues de todos os dias nem pensar. Gosto de ter aí os blogues que me devolvem uma ideia de blogosfera que, mesmo sendo cada vez mais dispersa, esparsa e incongruente, me tenta segredar que não é tempo perdido aquele em que ando por aqui. Dos amigos também não, claro, cruzes lagarto. A blogosfera activa é quase que um arquivo-morto onde quase nunca vou. E blogues de referência, que seria o mais natural pela forma admirável como aquela megera escreve, ainda não estava preparado. Até há segundos atrás quando descobri que ela chamou Joaquim ao seu filho. Não gosto do nome de Joaquim. Há quarenta e seis anos que o detesto. Que tenho de conviver com ele. Numa relação de amor-ódio. Durante muito tempo disfarçei-o com o Paulo. Para muito gente, especialmente os idos do DN-Jovem, eu era Joaquim Paulo. Confesso, a conjugação fez-me reencontrar uma certa ternura que pode haver no nome de Joaquim. E que me compensava dos suores frios sempre que ouvia o Quim Paulo, materno, aviso de que tinha feito asneira da grossa. Mais tarde, porque queria ser levado a sério como actor e um companheiro de tábuas me disse que isso não aconteceria se eu não tivesse um apelido, juntei o Nogueira, um apelido menos usado no extenso do meu nome. Curiosamente fui eu o primeiro a não me levar a sério enquanto actor, pelo que o enxerto onomástico não me deu nenhum benefício artístico. E hoje já estou mais habituado a ser Joaquim. Já não tenho nenhum ressentimento pelo meu padrinho, Joaquim, cujos muitos filhos homens foram todos Joaquins e a quem devo também o nome. É por isso com admiração que coloco a Ana de Amsterdam na minha lista de blogues de referência, saudando a sua coragem de em pleno mundo pós-moderno chamar a uma cria Joaquim.

10 comentários:

mfc disse...

Quando o imaginário se cruza com o real de uma forma muito gira.

CCF disse...

Joaquim, acho que o teu é um nome bonito. E também gosto do que a Ana escreve, apesar dela não dar troco a ninguém. Só não acredito,como tu, que tenha chamado Joaquim ao filho.
Abraços
~CC~

gata disse...

deixa-me desiludir-te. acho que a cria não se chama mesmo joaquim. num post qualquer de há uns meses ela chamou-lhe assim e depois num parêntesis qualquer disse - não estavam à espera que eu vos dissesse o verdadeiro nome do meu filho, pois não? (cito de memória). ainda assim, deixa-me que te diga, que joaquim é um nome tão bom qualquer outro. a beleza está nas pessoas e não nos nomes que lhes damos.

jpt disse...

tu realmente, falas de barriga cheia. Havias de te chamar Flávio que nem ligavas ao Quim...

... disse...

Los nombres por sí solos no dicen nada, ni son feos ni bonitos ni son nada. Las personas que los llevan son los que nos crean afectos o desafectos a los nombres. Además, tú eres un caballo.

blue disse...

Gata, está enganada na referência

http://ana-de-amsterdam.blogspot.com/2008/07/chuva.html



... jpn, o meu avô Joaquim aguardava-me sempre de pacote de bolachas, ou de sugos, nas mãos. e resgatava, das lojas escuras, garrafas de sumol para acompanhar os ovos estrelados que servia aos netos na hora do lanche. só dormia em lençóis de linho grosso.
os nomes ligam-nos às pessoas que os carregam. e, dessa forma, são-nos, ou não, queridos.

(de qualquer forma, concordo contigo, é preciso ter coragem de chamar Joaquim a uma cria, pois é nome de gente crescida, eheh...)

JPN disse...

ainda me entendes, mesmo sem ser em portunhol, Amélie?
:)
e tu, Zé Flávio, tens uma boa combinação dos dois nomes.
:)
CCF e Gata,claro, uma pessoa que se chama Ana de Amsterdam não está obrigada a nenhuma fidelidade à realidade (e ainda bem/).
:)
que saudades dos avós, Blue!

:)
e que bom ver-vos. para a próxima trago chá...

Anónimo disse...

Já tinha saudades de passar aqui. E só percebi quando atravessei a porta. Abraço

dizia ela baixinho disse...

eu por acaso gosto do nome joaquim. e nem é por ti. muito menos pela ana (q nem sequer conheço).

gosto.
e pronto.

Anónimo disse...

Eu e meu marido achamos lindo o nome Joaquim.
"Estamos grávidos" e se for menino assim se chamará.
Somos brasileiros, moramos em São Paulo e a escolha independe de nossa ascendência (italiana e portuguesa.