Há oito anos estávamos no ano dois mil, o primeiro do milénio. Al Gore tinha perdido por uma unha negra e um texano, que do mundo não conhecia mais do que o Texas e o Novo México, ia tornar-se, ao fim de uma longa batalha política, no 43º Presidente dos Estados Unidos da América, o cargo mais alto do mundo, como escrevia o Público, e se calhar - independentemente da vesguice que denota- com alguma razão. O meu filho Pedro ainda não tinha nascido, embora já estivesse no lado de cá deste mundo. Ainda não tinha havido o 11 de Setembro em New York. O 11 de Março em Madrid. A guerra do Iraque. A invasão do Afeganistão. A guerra contra o terrorismo. Eu sempre pensei que a guerra contra o terrorismo era uma invenção de Bush e da sua camarilha, que resultava da forma estreita e limitada como viam o mundo e que um dia, quando eles desaparecessem, desapareceria também esta retórica assassina que não faz mais do que militarizar impudicamente as nossas vidas. Foi por isso com a maior desolação que vi transcritas as afirmações de Barack Obama defendendo a manutenção da força americana no Afeganistão e anunciando que iria perseguir Osama Bin Laden e matá-lo. Isto foi exactamente o que o seu antecessor fez. Certamente que ter Barack Obama a repetir George W. Bush não é a mesma coisa do que ter George W. Bush ele próprio. Nem nada disso me tolda o espirito de alegria, a emoção, até porque pela noite de ontem descobri que gritar barack obama tem um forte efeito afrodisiaco. Mas é confrangedor verificar que afinal o sindroma Bush continua activo na política internacional.
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