quinta-feira, maio 07, 2009
i de ilegível
Saiu finalmente o í. I de ilegível. Peguei no jornal e a ideia é de que ele é ilegível. E de repente, já estava eu a arrepender-me de o ter substituido pelo Público para a minha leitura matinal no 28, apanho aquela frase do editorial "o i acredita que num instante tudo mudo e sabe que quem agora ler assim não lerá mais como antes". À primeira leitura a frase parece-me pesada, embrulhada. Uma data de turistas enchem ruidosamente o eléctrico e a minha capacidade de concentração cai a pique. Depois, num instante, o editorial torna-se de uma clareza estonteante: a opinião, o radar, o zoom e o mais. O jornalismo explicado a uma criança de seis anos não seria mais simples. Volto a fechar o jornal, vou de novo à 1ª Página. A grande caixa é sobre o fecho à imigração e como ele associa patrões, sindicatos (UGT) e governo. Sem gritos nem truques de paginação, no seu primeiro número o i consegue marcar alguns pontos decisivos em questões locais (a guerra dos contentores), nacionais (o dossier sobre imigração) e internacionais (a entrevista exclusiva a Barack Obama). Bons textos ( a memória sobre o bloco central)e opiniões, alguns bons exclusivos ( e a ideia de que o New York Times vai ser um pouco como a TV Globo foi para a SIC, a passerele tanto de excelentes telenovelas como de insípidas historietas). Uma reserva apenas, a cultura, essa vida mais detrás do espelho quotidiano tem uma abordagem muito frágil. Acabo a primeira leitura, várias outras se seguirão ao longo da tarde, com a sensação de que não conseguirei voltar a ler um jornal tradicional sem a sensação de que eles se tornaram ilegíveis. Que seca! Que pretensiosismo e arrogância de nos quererem convencer que aquilo que eu quero saber é aquilo que eles são capazes de me dar. E começo a perceber que talvez o slogan se cumpra e eu nunca mais leia um jornal diário como dantes.
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1 comentário:
a prosápia arrogante deve ser, apenas, uma tactica de marketing...
o problema do jornal é ter pouco para ler: não tem investigação, tem poucas notícias, cachas não vi nenhuma...
mas pode ser que ainda se faça um bom jornal. nós estamos necessitados de ter um bom jornal diário.
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