O relatório da comissão criada para investigar as denúncias de abusos em instituições católicas da Irlanda nas últimas décadas ouviu 1090 homens e mulheres e está a escandalizar o nosso sorriso europeu. Para muitos de nós, que antevemos na educação religiosa este vício, esta doença e até esta maldade, esta perversão de espírito, não terá sido uma surpresa completa. O resto do debate a fazer tem várias saídas e uma delas é tentar perceber o que representa entre nós, o apoio e mesmo a subvenção a estes modelos de educação e às instituições que os ministram. Não deixa de ser importante também a reflexão sobre a forma como andam a educar e a acolher as instituições do Estado, e nesse domínio a reportagem de Ana Sá Lopes hoje no i é um trabalho muito importante. No ano passado fugiram dos centros de acolhimento da segurança social 100 jovens, sendo que a maioria deles tem mais de quinze anos. Haverá muitas razões para que estes jovens fujam e provavelmente muitas delas até serão factores que qualificam a intenção do Estado e dos seus modelos assistenciais de acolhimento e educação. Se assim não fosse provavelmente até não nos deveríamos preocupar tanto com os que fugiram mas mais com os que ficaram.
Sem comentários:
Enviar um comentário