Cavaco vendeu abaixo do preço, escreveu Felícia Cabrita, no Sol. As acções da SLN foram compradas a 2,40 quando Oliveira Costa já as vendia a 2,75. Já há muito que me deixei de criticar os jornalistas. É uma parvoíce. Não serve para nada. A única coisa a fazer é esperar que os bons sejam mais e melhores que os maus. Mas neste caso é bom fazer a pergunta : porque é que Felícia Cabrita assinou uma notícia tão tendenciosa e mal feita?
Começa logo no primeiro parágrafo: Diz que Cavaco vendeu as acções por um valor inferior ao que Oliveira e Costa fixara "noutras operações de compra e venda". Lê-se o resto da notícia e não há mais nenhuma referência a valores de... compra, apenas uma carta de um accionista interessado num aumento de capital e que se propôe em Julho comprar acções por 2.75 (valor referenciado por Oliveira e Costa numa reunião do BPN), bem como referência a documentos sobre uma venda de acções do BPN efectuada no mesmo dia em que Cavaco vendeu as suas acções. Aliás, na parte final da notícia uma fonte do BPN explica que sendo acções que não estavam cotadas em bolsa não tinham qualquer valor de referência.
"As acções de Cavaco - adquiridas em 2001, por um euro cada- foram compradas pela SLN dois anos depois pelo preço unitário de 2,4, quando o preço que ela já praticava era de 2,75." Felícia Cabrita induz-nos a pensar que estamos a falar da mesma coisa, quando um valor é o de compra e o outro é o de venda. A minha pergunta é, porque é que Felícia Cabrita quer que eu pense que um banco compra pelo mesmo valor que vende?
Felícia Cabrita vai ao ponto de dizer que Cavaco e a filha perderam dinheiro : ele "cerca de 36.682 " (refira-se o cerca de 36.682) e ela 52.374 euros porque compara o valor de compra pelo Banco com o valor de venda pelo mesmo Banco. Como se fosse natural um banco não ter nenhum lucro numa operação como esta. Mesmo admitindo esta lógica, absurda, mas para entrar no raciocínio da reportagem: não passa pela cabeça da Felícia Cabrita a oportunidade de perguntar porque é que um homem e a sua filha que de 2001 a Novembro de 2003 ganharam 1,40 com cada acção resolvem perder 0, 35 por cada acção a 17 de Novembro de 2003? O que é que era tão importante assim para fazer com que Cavaco e a filha abdicassem de um parte substancial de um pecúlio que era o resultado das poupanças de uma vida de trabalho, como têm defendido os seus apoiantes?
Estamos perante um jornalismo de investigação que não só não esclarece as questões que pretende esclarecer como ainda lança novas suspeições, como esta: " Cavaco e a filha tinham comprado as acções em Abril de 2001, directamente a Oliveira e Costa pelo mesmo preço que só este enquanto presidente da SLN podia adquirir: um euro". Podia vender? Como é que podia? Não estamos diante de "favorecimento em negócio"? E não é "favorecimento em negócio com prejuízo para quem vende, o banco"? Ou seja, Oliveira e Costa não estava a fazer concorrência ao Banco a que presidia sem ganho nenhum nem para ele nem para o banco que dirigia? "
Há uns meses quando entrevistava Hélder Costa sobre o Mistério da Camioneta Fantasma, ele revelou-me que ao investigar as verdades escondidas ía sempre procurar aquilo que os inimigos diziam, porque eles falavam a verdade. Talvez também se possa dizer que para ficar com as maiores suspeições sobre este negócio há que ler não quem contesta Cavaco, mas quem o defende.
1 comentário:
Muito tendencioso este jornalismo, de facto. Corrupto, até. Querer induzir os leitores a pensarem que pai & filha ainda perderam dinheiro! Compraram a 1 e venderam a 2,40 (ganharam cerca de 150% na venda de cada acção) e perderam? Não, não perderam. Apenas não ganharam mais, é muito diferente! Terrível ver a comunicação social completamente manipulada e cada vez mais manipuladora!
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