quarta-feira, julho 30, 2003
Adormeceu como se fosse uma pedra...
[ Cruzes, Canhoto, depois de andar a chás e caldos de galinha, felizmente já voltou. A propósito do meu texto sobre posts narrou um episódio sobre a comunicação com um banco vazio. E foi bom ouvi-lo, claro. É sempre bom ouvir quem aceita esse preenchimento dos bancos quando eles se esvaziam. E nenhuma ideia de homem substitui com exacta propriedade, a presença do homem. A ser assim o teatro por exemplo, não teria tanto sentido hoje. Mas também é verdade que não podemos aceitar que os bancos se esvaziem sem lhe contrapormos o preenchimento possível. Pode ser até que o homem já tenha desaparecido sobre a terra, ou sobre esta esteja em vias de extinção e que o que ainda subsista, seja uma ideia de homem. Não sei. Lembrei-me também desta história muito antiga de um amigo que, há muito tempo, compartilhou um quarto num hospício, com um doente que tinha toda a sua família dentro de uma pequena caixinha de fósforos.]
"Serafim
E a tua mãe, Besouro? Acreditou em ti?
Besouro
Acreditou. Virou-se para o lado e adormeceu como se fosse uma pedra. Parecia um bebé.
Serafim
Um bebé, Besouro?
Besouro
(anuindo com a cabeça) Desde que morreu ela ficou muito diferente. Aceita melhor as coisas, é muito mais fácil falar com ela...a morte fez-lhe bem...
Serafim
A morte torna-nos sensatos...
Besouro
Eu no outro dia disse-lhe isso.
Serafim
Disseste-lhe? E ela?
Besouro
Ela também se sente outra mulher desde que morreu. Disse-me que só agora é que reparara que eu sempre chamara por ela. Só que quanto estava viva, ficava lá entretida com as suas coisas, não me ligava.. "
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