terça-feira, julho 29, 2003
O lugar do outro...
quem se deu ao prazer de visitar o Dicionário do Diabo e o Outro, Eu, nestes últimos dias, assistiu a uma polémica sobre o esquerdismo da TSF, que afinal de contas até parecia despropositada. De facto P.M. não tinha feito mais do que explicar porque é que era adepto da TSF, deixando apenas escapar um pequeno acto de contrição sobre o facto de esta rádio de ser incrivelmente esquerdista. CVM acusou o toque e respondeu. Tudo teria ficado por aqui se P.M. tivesse compreendido a dimensão do que tinha dito e de como isso tinha assumido uma forma que andava ali a raiar o insulto. A coisa até já está encaminhada, com Pedro Mexia a andar de Hi-Fones pela rua a ouvir Pessoal e Transmissível, e com Carlos Vaz Marques a recitar poemas de Pedro Mexia, mas, para quem tem de respirar o mesmo ar, subsiste uma questão, que aliás provoca o meu post anterior, que é esta incapacidade que muitos julgam endógena mas não é, é cultural, de reconhecermos o lugar do outro.
[Se não fosse tão tarde, não tivesse de andar a correr entre este blog e o metablogue e ainda por cima não tivesse de reformular o site de escrita teatral fazia um novo blog, inteiramente dedicado ao "reconhecimento do outro".]
1. Dizer que insurgir-se contra a definição da TSF como uma rádio incrivelmente esquerdista seria tão absurdo como se Pedro Mexia pegasse em armas por acusarem o Independente de ser de direita, revela desde logo que Pedro Mexia, embora escreva em jornais, fale em rádios, não compreende o que é um jornalista. Principalmente jornalistas que reputa de sérios e imparciais.
2. Também o Outro, Eu, mostra não compreender totalmente que uma rádio não é só o que quem a faz produz, é também o modo como quem escuta o que ela produz, constrói dela um entendimento. E, por mais que Pedro Mexia tivesse sido desastrado a escrever o seu acto de contrição por ter de ouvir uma rádio incrivelmente esquerdista, o que é facto é que o mundo fica mais colorido por ele exprimir que sente - ainda para mais no seu blogue, caramba- que a rádio a quem confia o seu mundo é incrivelmente esquerdista. Se nos rimos dele, já é outra questão.
[espero não me ter metido em seara alheia. mas respirar o mesmo ar, assume, sem com isso se tornar esquerdista, trotskista, leninista ou evangelista, o seu maior empenho nesse grande trabalho interior do reconhecimento do outro.]
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário