terça-feira, agosto 12, 2003

Anacronismo

Noticias na SIC. Camacho conta com Tiago. Manchester com...Cristiano(esqueci-me do resto do nome e não vou sair daqui para saber). Lazio com Sérgio Conceição. O País que arde. E o país que se deixa arder. Em lume brando. Uma rapariga que esteve dez anos nas terras do não e que a teimosia, a paciência e o amor da família, devagarinho, trazem pela mão. De volta à vida. Aos pequenos gestos. Sob o olhar cúmplice da ciência, impotente para estes negócios fronteiriços entre a vida e a morte. Foi uma alegria quando ela mexeu um dedo. O outro. Agora a ciência já se arrisca a fazer prognósticos. A apoderar-se do real. A ela o vísivel. Ao amor, à paciente teimosia, o expectro do invízivel. Penso nesses dez anos mergulhados no silêncio. Uma rápida associação de ideias entre SIC, Rangel e a TSF, a propósito de uma conversa com um enorme ruído de fundo, e ocorre-me o triplo CD que a TSF editou a propósito da sua histórica edição comemorativa do vinte e cinco de abril. Toda uma rádio a fazer, durante vinte e quatro horas, um flash-back ao primeiro 25 de Abril das nossas vidas. Agora sou eu que ouço e vejo Rodrigo Guedes de Carvalho a recuar vinte anos atrás. Estamos em 1983. Hora das notícias. E uma sensação angustiante. Como é que pudemos sequer ambicionar existir, ou chamar existência à vida que levámos, sem termos em primeira mão todas aquelas coisas importantes que a televisão nos oferece hoje em dia? E, ultrapassada a angústia, a consciência do feito: como chegámos aqui?

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