terça-feira, setembro 23, 2003

I (ncompetência) C (rónica) N (atural)

Há uns dias valentes que não vejo televisão. Leio jornais mas fico-me por aí. O mundo há-de continuar a rolar. Faltou-me por isso a história sobre os animais mortos após uma anestesia, pelos técnicos do ICN. É assim, com surpresa, que acabo de ver, na TV2, Fátima Campos Ferreira atirar-se, com ar felino, ao presidente do ICN. A minha cabeça transformou-se subitamente numa autêntica caixa de ressonância com as palavras deste personagem do meu assombro: 1. "-Só quando vimos a reportagem na TV2 é que tomámos consciência da gravidade da situação." 2. "- Sim, isto já aconteceu há dois meses mas só na última sexta feira é que o relatório me chegou às mãos." 3. " - Temos de admitir que a operação não foi bem sucedida. O veterinário só lá chegou dois dias depois.../...Quem administrou a anestesia é electricista mas tem vasta experiência em operações deste género." 4. "- A viagem foi muito bem preparada, a situação já vinha de 2000. Eu só autorizei a operação porque havia quatro técnicos, três mais um, o veterinário." 5. "- Vamos agora fazer a avaliação disto e em dez dias teremos o relatório pronto." O meu entrego-o já, não será por mim o atraso: 1. Contastou-se que a TV2 é inquestionavelmente serviço público e um grande especialista em tomadas de consciência. 2. Apurou-se que as "tomadas de consciência" repentinas desenvolvem-se em organismos com circuitos muito longos. 3. Ficou provado que para manter os circuitos longos , evitando o curto-circuito é indispensável a presença técnica do electricista. Antes do terceiro dia deve prevenir-se a animália com a prescrição do conveniente acto médico. 4. Comprovou-se a indispensabilidade do electricista e do técnico, sendo agora necessário averiguar em 10 dias quem eram os outros dois. Recomenda-se, dada a sua anterior descrição, que fiquem encarregues do relatório final. 5. Conclui-se que o presidente do ICN está como peixe na água ou nas suas sete quintas ao falar da sua competência futura, apagando assim o vislumbre de uma pretérita falta dela

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