segunda-feira, novembro 03, 2003
Ferro Rodrigues
Ferro Rodrigues faz hoje, talvez no epicentro da maior encruzilhada da sua vida política, 54 anos. não o conheço pessoalmente. no entanto, foi marcante para a adopção da minha novel condição de militante de um partido politico o seu exemplo de seriedade, de determinação, de noção de serviço público . de entrega apaixonada ao pensar com pragmatismo na introdução de princípios e práticas de uma maior justiça social num mundo marcado por uma sociedade de mercado onde formas selvagens do capitalismo e da exploração do homem pelo homem irrompem, cada vez mais despudoradamente, pela doutrina política das nossas democracias. O reconhecimento de que hoje muitos milhares de portugueses, muitos deles menos favorecidos social e economicamente, vivem hoje melhor pela influência directa da sua acção e da de Paulo Pedroso no Ministério da Solidariedade é para mim da natureza do categórico. E, na minha opinião, não há melhor forma de entender a acção política.
Para além disso há todos aqueles aspectos que todos nós conhecemos e que marcam o momento conturbado da vida dos socialistas hoje em dia. FR deixou-se enredar numa teia de contradições que podem bem ser fatais para o desenvolvimento do seu projecto político. Não me deixo facilmente levar pela ideia da má performance mediática da imagem de FR. A partir do momento em que há um padrão de sucesso da intervenção mediática aquele que foge a esse padrão pode ter a mesma eficácia política, principalmente se ele for genuíno, autêntico e simples, como parece ser FR. Que consiga dobrar o cabo das tormentas , é o meu desejo sincero!
[Já quanto ao mau desempenho comunicacional de FR, lamento-o, tanto mais que o atribuo a uma casmurice geracional muito em voga em anos passados de um célebre conflito entre forma e conteúdo, com a defesa acalorada da supermacia intelectual deste último. Passados tantos anos de actividade política e um ano e tal de liderança do maior projecto de oposição, continuar a ler discursos sem olhar as pessoas de frente quando com elas fala ( será preciso alguém dizer-lhe que na ocular do reporter de imagem estou eu, tu, nós?) é um tique desagradável e que coloca quem o escuta numa posição altamente desconfortável. Ora um dos principios da boa pragmática comunicacional, seja num aperto de mão na rua, num olhar num guichet de um serviço administrativo, ou mesmo num palanque político é o tentar deixar o outro numa posição mais confortável do que aquela em que o encontrámos. ]
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