segunda-feira, janeiro 19, 2004

Metáfora Felina

muitas vezes pensei na minha vida através de um paralelismo com a vida dos gatos, os tais que só ao fim de sete tentativas acertam as vezes com a Criação. Era uma espécie de travejamento afectivo com o tema da transmigração das almas que escutei pela primeira vez em Somerset Maughan em Exame de Consciência, e ao qual, filosofiamente sempre aderi. há uns dias ao escutar-te a glosar este meu tema, distanciei-me dele. tenho apenas uma vida, bicéfala, claramente bicéfala, mas também, não menos distintamente, uma só vida. bicéfala: 1. até hoje, mais coisa menos coisa, a minha vida foi construida na ideia de que só se justificava cumprindo-se numa ideia de comunidade, fosse ela qual fosse. E este ressoar colectivo em cada um de nós, era pedra de toque para que cada um procurasse a sua solidão de gentio, a sua expressão própria. 2. a partir de hoje, mais ano menos ano, estou à porta das minhas próprias trevas [digo pela última vez, sacudo as almas piedosas como quem enxota moscas, a luz que pressinto nesta escuridão é que me guia]. A minha vida, a nossa vida, não tem alguma justificação, seja ela qual for.

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