terça-feira, março 09, 2004
Tratar da Política 1
No outro dia, num almoço de amigos, voltámos a este assunto: a necessidade de um retorno à política. O que cada um faz nesse regresso, o que defende, isso já é um outro passo. O da argumentação. O do combate das ideias. O do combate político.
É quase a contragosto que escrevo estas palavras. Temendo que, por não poder engrossar a voz dos apolíticos que tornam insuportável o ar que respiro, possa ser confundido com aqueles que, por medo de algum papão de direita estão prestes a engolir um conjunto de mases, de poréns, de entretantos, de aindas nãos. Ou com aqueles que em vez de trazerem o pensamento à organização, ao partido onde militam, deixam que esta, este, pense por eles.
[Devo reconhecer, nada disto é novo em mim. É sempre a contragosto que avanço pelo território pantanoso da procura de uma voz que me sirva. Um passo em frente é sempre um passo precário na senda de um equilibrio fugídio.]
Não tenho dúvida alguma que, agora, e este agora é um caminho nem sempre simples, agora prefiro mil vezes ser misturado com essa mole de gente que faz das organizações, dos partidos, lugares de insuportável monotonia ou mesmo atonia, do que com todos aqueles que levam a sua independência ao limite do conformismo, de um conformismo que se junta à fala de um discurso populista que não requisita a vontade nem a verdadeira participação de cada um de nós.
[Um discurso populista que permite por exemplo a um Paulo Portas desafiar Mário Soares, sabendo que no dispositivo mediático actual não existe outro valor do que o nivelamento que a presença mediática fornece. A resposta de Mário Soares, embora tudo diga sobre esta personalidade, não nos aquieta, pelo contrário, lança-nos na maior perturbação. Quantos dos actos mediáticos, de outras personagens que não têm a clarividência política de Soares, se deram sobre este ambiente nivelador?]
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