quarta-feira, março 31, 2004
Tratar da Política
Neste retomar lento à Blogosfera, vou ao Absorto, meu vizinho da blogosfera, mantido por Eduardo Graça, antigo presidente do INATEL, que comecei a conhecer desde finais de 1999 quando - ao apresentar-lhe um pedido para regressar ao Teatro da Trindade - fui por ele desafiado a trabalhar para o seu Gabinete, ao qual estive ligado até ao inicio de 2003, altura em que ele foi exonerado pelo actual Ministro que tutela este Instituto.
Tenho evitado aqui escrever sobre tudo isso, e vou continuar a fazê-lo, por várias razões. Continuando ligado ao Instituto que Eduardo Graça dirigiu, esboçar um gesto em sua defesa é também defender um projecto no qual trabalhei e acreditei e por isso, será um gesto de auto-defesa, legítima sem dúvida, mas também inútil. O que fizémos ou deixámos de fazer, no campo da inovação e da modernização do Instituto já não nos pertence. O que fizémos ou deixámos de fazer, no campo da inovação e da modernização do Instituto não poderá deixar de ser ponderado por quem quiser continuar a servi-lo. Porque a vida seria ainda mais penosa e injusta se nós fossêmos avaliados não pelo que fizémos, sonhámos e projectámos mas pelo que outros viram nos nossos actos, gestos e projectos. Há um tempo para a verdade e só quando essa chega e monta morada, é que é a hora e o tempo da política. Sem isso, e não precisamos de Hannah Arendt para o saber, seria o seu fim.
Mas, ao ler as notas pessoais de Eduardo Graça, a propósito dos trinta anos do 25 de Abril, salta-me à vista o "anti-autoritários e de esquerda toda a vida..." com que ele define um geração com a qual partilhou toda uma prática política. E por muito que esta afirmação tenha um tanto de um apologético romantismo, tanto quanto essa geração é um universo dentro de outro universo, a verdade é que foi por causa do seu exemplo que eu, ponderando um maior envolvimento político a seguir aos momentos dificeis que se sucederam à fuga de Guterres, aderi ao Partido Socialista. Exemplo de conciliação de valores que muitas vezes consideramos antitéticos como irreverência e autoridade, seriedade e humor, consagração da gestão e louvor da poesia, inovação e tradição, além de um grande apego à vida, à juventude, de recusa do mofo e do conservadorismo.
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