segunda-feira, maio 03, 2004

O Peter Pan pequeno

Estreei-me agora como pai de fim de semana. De sexta a domingo, a tempo de o libertar para o almoço do dia da mãe. Quando o larguei senti finalmente o meu corpo pesado, cansado. Tinha estado de alerta vigilante todas estas quase quarenta e oito horas. Nunca pensei que pudesse ser tão importante para ele passar a dormir cá em casa. Ter uma nova casa, para juntar à outra, onde habita com a mãe. Várias vezes o surpreendi a dizer " A mãe vai ficar muito admirada!", isto quer falasse de dormir sem chucha nem óó lavadinho, de beber o leite antes de adormecer sem biberon, de irmos comer a sobremesa para o sofá ou até, de fazer xixi à homem. Nunca pensei que pudesse ser tão importante para mim. Houve momentos de birra, claro. Em que as coisas não correrram bem. Teve direito a dois berros, o moço. Mas senti-me tão prazenteiramente só com ele, como se fossemos os dois gaiatos, misturados na autenticidade desse prazer de ficar,ou a ver as estrelas da janela do quarto, ou o rio, ou o castelo... "- O Castelo dos maus, Pai? - Não. Não há maus ali no Castelo, Pedro. - Então vive um pincepe ou uma pincesa. - Não vive não. O castelo está vazio. - Os castelos ou têm pincepes e pincesas ou maus, já disse." Não insisto. Já tu tinhas pegado na tua espada feita com balões e dado duas cutiladas no ar. - Eu sou o Peter Pan G'ande e o Pai é o Peter Pan Pequeno! 'Tá bem? - digo-lhe que sim. - Isto é tudo muito divertido, pai."

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