quinta-feira, junho 24, 2004

acesa a luz da esperança no futuro do homem

Não vou mais pegar-me com ninguém, como indirectamente tinha feito com este meu amigo por causa da demência que atravessa o país de futebol. Congratulo-me com a sua resposta porque ela permitiu uma excelente reflexão sobre a relação que alguém mais ligado ao universo intelectual pode ter com o futebol, e através dele com o povo, a ideia de povo, mas vou mesmo ter de reconhecer que falar da demência, no sentido em que dela fala Arno Gruen, associando-a ao que se vive hoje no país do futebol, não pode ser tarefa para estes dias de exaltação. Como também bem pouco produtivo era falar dela quando se manifestava em relação ao voyeurismo suscitado pelo programa big brother, ou ao clima de insana idade que a reacção ao terrorrismo despoletou, ou o ambiente paranóico que o caso Casa Pia acordou. São tudo assuntos que implicam comportamentos constrangedores, no sentido do double mind de que fala a escola da pragmática da comunicação. Não que devamos desistir de pensar. Não devemos desistir nunca. Mas há momentos em que o pensamento se assemelha a uma vulgar jactância de um juízo que se coloca num plano superior aos demais. Assim também eu logo me sentarei diante do televisor, "Po-tugal, Po-tugal", a meu lado o Peter Pan grande gritará por mim, fa-lo-á com toda a inocência de que já não sou capaz. Adio por isso meu caro Eduardo, a retoma, a retoma a esta ideia de vitória e de festa, enquanto isso, deixa-me que me delicie mais uma vez com o final do teu texto em abébia vadia: " A música é uma das coisas raras do mundo parafraseando o que Camus disse a propósito do vento. Educa o gosto e estimula a aprendizagem das ciências. E ainda mais importante: enquanto a música toca está acesa a luz da esperança no futuro do homem."

Sem comentários: