segunda-feira, junho 28, 2004

Uma das razões...

porque não ponho aqui esta bandeira dando sequência ao apelo do Barnabé, é porque penso que a gravidade do momento muito se deve a esta invasão por uma parafernália simbólica onde ganha relevo este dispositivo de natureza totalitária que é o da mensagem que se organiza exclusivamente em função do efeito que quer criar. Tanto à direita como à esquerda. Ora há uma diferença não só substancial, também de substância, entre a propaganda e a política. Pode até ser natural que os pequenos partidos, com menor capacidade de mobilização e de organização prefiram a criação de frases poderosas que, no seu entender, terão um efeito de sedução muito maior do que a acção politica do face a face. O que não me parecerá tão natural e desejável é que consigam pressionar os maiores partidos, levando-os a pensar que a eficácia do trabalho político estará na criação de frases com grande impacto e capacidade de dramatizarem a relação com os eleitores, quando na verdade isso apenas mede a eficácia do trabalho político que essas forças conseguem fazer. Nem eu não sirvo só para apoiar a selecção como nem para isso sirvo; e muito menos admito integrar no meu discurso a aceitação tácita de que alguém pode esperar de mim essa atitude. Uma outra razão porque nem pedindo nem deixando de pedir eleições antecipadas, quero ir a Belém, é porque me revejo neste reforçar junto de Sampaio da ideia de que não só não queremos que ele seja secundarizado neste processo, como também não queremos que, por algum jogo de raciocínio menos feliz, ele possa secundarizar-nos. Não sendo isto um sinónimo de falta de confiança no PR, é um sinal bem claro que na gravidade do momento que vivemos só a redundância pode evitar o estilhaçar da política.

2 comentários:

Velasquez disse...

Venho do Avatares.. a tempo de descobrir um bom blogue:)


Se eu pudesse não ler este poema
Fá-lo-ia e por toda a descrença
Eu e qualquer do Restelo que trema
Porque com Schopenhauer e sua avença
De não ler, que é arte deste dilema,
Estou fugido, corrompido p’la crença
De que o hoje é por demais importante
No universo de que sou ocupante.


albertovelasquez.blogspot.com

Anónimo disse...

"How Shall we Call You?", ie, "What's Your Name?"
José Manuel Durão Barroso ainda não tinha NOME à data daquela bem-disposta conferência de imprensa e foi convidado a ... "auto-baptizar-se"? Interrogavam-se os srs newspeople como diacho chamar o homem e ele disse (não disse mesmo mas disse): "estão à vontade, chamem-me tudo menos "Durão"... A bandeira descaiu naqueles momentos de contentamento visível, ao ser convidado a dizer quem é. Se ao menos fosse uma indagação existencialista... :(
E pronto, consumou-se mais uma transferência de clube!

Éclair