sábado, julho 10, 2004

Obviamente, resigne...

Este homem, Jorge Sampaio, disse que ía chamar Pedro Santana Lopes para formar Governo e continuar assim no rigor das políticas seguidas por José Manuel Durão Barroso enquanto primeiro ministro de uma coligação com o PP, dizendo que eram essas as políticas que tinham sido sufragadas pelo povo. Independentemente desta estranha amnésia política, já que as particularidades das eleições que deram origem ao governo da coligação permitem dizer que as poucas políticas claramente sufragadas não foram aquelas que foram aplicadas, este discurso presidencial quer dizer que Sampaio acha legítimo que o governo seja demitido se não começar por corresponder às expectativas da maioria que o elegeu, e que ele será o garante dessa aspiração do povo. Se assim é, e se depois, não da sua decisão mas da forma como a justificou, Jorge Sampaio mantiver alguma da honestidade política que tão bem costuma caracterizar algum desapego ao poder dos homens de esquerda, é óbvio que o Presidente terá de concluir que não lhe sobram condições de legitimidade política para continuar a morar no Palácio de Belém.

1 comentário:

JPN disse...

" justifica-se reiterar aqui que tem de ser rigorosamente respeitadas a continuidade das politicas essenciais. Repito, a Europa, a Politica Externa, a Defesa, a Justiça, bem como as politicas de consolidação governamental"
Por favor não brinque com coisas sérias. Não fui eu que disse estas palavras. E quem as disse obriga o futuro governo a um comportamento que poderia não ser o seu. Repare, não foi ao programa do governo que Sampaio vinculou este governo. Foi ás políticas essenciais, quer dizer claramente, à prática política do governo anterior. Legitimando-o. Antes de acusar alguém de deturpação pense se não está a cair no erro que se presta para apontar. E eu não estou a contestar as funções de JS, quem sou eu para o fazer. Só estou a dizer que o argumento que ele estende à coligação, também se aplica a ele. Só isso. E que assim, no meu entender, se ele tivesse razão - que não tem - deixaria de ter condições para morar em Belém. Ou alguém tem dúvidas de que o seu eleitorado está orfão de Presidente?