sexta-feira, agosto 20, 2004
Elogio do Professor
Hoje, no Público, João Benard da Costa, faz o elogio de um seu professor. Não sei quem é. Lembro-me imediatamente também eu do elogio à professora que me juntou, a mim e ao João, num regaço suficientemente amplo ou ampliado pela ternura, e nos contou, tinhamos aí uns sete anos eu e a caminho dos nove o João, a história dos géneros e da reprodução. No dia seguinte fui um herói no pátio da escola. A peladinha no terreiro chegou mesmo a estremecer quando o miudame se juntou à minha volta - nem mesmo a revelação do Manecas de que as núvens eram de algodão doce (depois da sua primeira viagem de avião) produziu tal efeito - pra ouvir de viva voz o enterro da fábula da cegonha, de Paris.
Anos mais tarde quando eu próprio me afeiçoei à pedagogia que há no gesto, na experiência da comunicação, era nela, de quem primeiro tinha aprendido os freinets, os rodgers, que me inspirava quando pela noite do Bairro da Boavista ía falar com a mãe do António, tentando roubá-lo ao desânimo de mais um chumbo na 4ª Classe, de uma vontade de possuir e de ser homenzinho maior do que os seus nove anos e até de um deixa estar, não te rales, há doutores a mais no mundo que ouvia no barraco onde morava .
Era, e é, e assim seja por toda a eternidade que há num olhar de afecto, a minha mãe.
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