sexta-feira, agosto 20, 2004

Simpatia

Encontrar a palavra certa, a palavra chave, é oficio excelentíssimo. Eram quase nove, estava ainda no prime time das notícias que não nos dão. Chegou num invólucro, ou envoltório, de fio de seda, aquela tessitura que antes coleccionávamos quando chegava a Primavera e íamos buscar rabanadas de folhas de amoreira para conhecer, numa tampa de caixa de sapatos - ainda não havia a explicação do sexo que uns anos mais tarde havia de chegar - o príncipio, o desabrochar do mundo. Disse-me ontem muito. Diz-me sempre muito, mas ontem, disse-me mais.
[ O que eu não sabia era que estas eram palavras com um adeus lá dentro. Ficam bem para adeus, aliás, ficam bem demais para adeus. Mas eu não sabia que seriam elas que serviriam para o dizer. Nem saberia nunca dizer que estava preparado para me despedir. Ficam-nos os teus textos, esses, não é por mal, são nossos. E não sou nada exagerado quando, revendo o dicionário, digo que encontrar a palavra chave, a password, é ofício excelentíssimo]

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