segunda-feira, agosto 16, 2004

João dos Paus

No norte de onde parte de mim proveio, no antanho a que me refiro, ainda não havia televisão e isso tinha, para além de todas as outras consequências, uma que me é especialmente saborosa: as pessoas tinham nomes que falavam do que elas eram, do que faziam. O Beto Fulineiro, a Micas dos Duches, o Domingos da Venda, o Zé do Monte, o Manuel dos Passos, Mário, o Professor. A mim, na raiz paterna, calharam-me dois: João da Fonte e Aurora dos Paus. João da Fonte porque do lugar da fonte, Aurora dos Paus porque o meu avô João, homem muito prestável nas artes de marceneiro, fazia brinquedos e objectos de pau que se vendiam nas feiras. Ao João da Fonte, que o meu pai tabém utilizou quando fez um pequeno jornal local em Mafra, recrutei-o como personagem virtual dos meus primeiros tempos de internet. Há uns tempos, ao instalar o messenger tentei novamente mas vi o meu pedido rejeitado. Não hesitei, rapidamente escolhi: joão dos paus. Não digo nem conto a quantidade de vezes que se me dirigem com conjecturas brejeiras sobre tal nick. E eu apenas a querer inscrever-me na árvore de onde vim.

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