Aquele riso

O riso do Peter Pan está de regresso. Aquele riso, que será em parte meu, dizem-me, ecoa pela casa, distribui-se irmamente por todas as divisões, acorda-me para a vida em mim há muito adormecida. A necessidade de corresponder àquela vitalidade, àquele desejo de saber, de fazer, de ser, dá-me muito pouco descanso. Eu sou o seu palhacinho, não trago pinturas na cara nem cabeleira postiça mas por aquele gargalhar perco totalmente o senso, a medida e a porporção. Há no entanto uma coisa que gostava que já tivesse acontecido. Ainda não lhe consegui transmitir-lhe o silêncio que há no interior do ouvir, do escutar. É tarefa para muitos dias, para muitos dos meus dias. Para muitos dos meus melhores dias.