segunda-feira, setembro 20, 2004
Santa Apolónia
Quando recebi hoje o seu sms, e lá não vinha mais do que a doçura de um beijo, soube que estava já de regresso, a chegar à estação. Apanhei um táxi, disse-lhe, Santa Apolónia, obriguei o taxista às maiores imprudências. A percorrer a cidade em excesso de velocidade. Ela voltava. E era também o meu excesso que assim partia. A minha loucura, o meu mal, nem sempre suave, nem sempre brando. Talvez tenha estado mesmo em perigo. O certo é que quando cheguei à estação o seu comboio fumegante já se desfazia na linha do horizonte. Nem a cheguei a ver. É claro que ela não voltava nem por mim nem para mim, sabia-o, ainda bem. Que me importava. Voltava. Só nos dispomos a amar as nossas sombras, os nossos avatares, quando esta é a única forma de os trazermos vivos dentro do fora que somos nós quando de amor exultamos. Não porque, na sua impossibilidade, o amor queime e rutile a terra com a sua marca de calor. A infertilize. Talvez isso aconteça e acontece demasiadas vezes. Mas nem sempre. São, como se (ab)usa dizer, territórios do eu, da subjectividade. A vida segue o seu curso. Não são proferíveis palavras. É entre silêncios que ensaio a minha presença.
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1 comentário:
outro, púrpura.
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