sábado, outubro 30, 2004
Criação
É muito habitual a realização de retrospectivas de pintura sobre artistas e movimentos. É o caso da recente inauguração, no Grand Palais, da exposição de obras de Turner, Whistler e Monet, e sobre a influência da obra de Turner nos trabalhos dos outros dois pintores.
Fala-se frequentemente de impressionismo, realismo, abstraccionismo, etc, mas todos estes "ismos" traduzem, antes de mais, formas de aproximar um real que se esquiva e, de sentir, pois, a fenda que habita a besta humana. É nesta divisão própria do ser humano, na repetição da diferença entre o que ele espera e aquilo que ele obtém realmente, que se instala o desejo de outra coisa. É aqui, também, que se situa o esforço de criação.
A arte é uma criação interessada nas metamorfoses da vida, mas é em torno do vazio deste turbilhão que ela gira. Com efeito, a criação faz-se ex nihilo, a partir do real (natureza, vida, mulher, etc) que escapa indefinidamente ao criador. O belo verdadeiro está ligado intimamente a isto e, portanto, não se adapta à tarefa impossível de concentrar toda a natureza numa tela. Recusa, também, a petrificação, e nunca se deixa fechar em si mesma.
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1 comentário:
Gostei de ler este texto reflexivo com o qual concordo.
hfm
http://linhadecabotagem.blogspot.com
http://alicerces.blogspot.com
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