quarta-feira, outubro 13, 2004

"Jorge podes ir participação cívica enfim morta!"

Já tenho medo de escrever sobre Jorge Sampaio. Faço aliás a sugestão para que se recuperem os muitos calendários que foram colocados na contagem final dos dias da Expo 98 e que, os que ainda funcionem, sejam colocados nas rotundas, nos fontanários, nos parques, contando os dias que faltam para nos vermos livres da cada vez mais lamentável personagem. E se a penúltima foi Santana mandá-lo calar e ele anuir, dizendo que há momentos em que sim, que deve estar calado, haja alguém que neste país respeite PSL, a última foi depois da entrega do Prémio Carlos V. Não é azedume em demasia contra o inquilino de Belém, mas é preciso reconhecer que até o próprio se sentiu supreendido com o prémio. Não se conhece aliás obra sua de vulto nesse domínio. Mas o momento principal foi quando Sampaio deixou claro que iria ficar com os 18 mil contos do prémio: "O prémio, desta vez, vai ser para mim. Não vai haver associações de caridade. Os tempos vão maus", justificou Sampaio. Grande mensagem, grande timoneiro. Grande referência. Não é pelo dinheiro, aqueles que vivem mal neste país - e que com os seus impostos decerto também contribuiram para esse bolo milionário, faustoso e despropositado- são, como é apanágio dos humildes, mais sensíveis a um afago, a uma palavra de esperança e carinho do que à expectativa de, longinquamente, virem a ser beneficiados por um niquel perdulário. O que está em causa é a perda de norte que atinge o primeiro dignatário da nação. Se os tempos são maus, são tempos de solidariedade. E se os tempos são maus, são piores para quem vegeta com o salário minimo do que para quem tem todas as mordomias de Estado. Como se pode pedir a solidariedade a quem tão pouco tem se o primeiro dos portugueses ofuscado pelo brilho de dezoito mil contos se esquece logo desse valor com medo que lhe vamos cobrar dízimos? Fique lá com o dinheiro, Presidente. Nós só precisamos de esperança. Ficamos por isso a contar as horas e os dias, os meses e os anos que possamos enfim, com a sua partida, resgatá-la.

1 comentário:

mfc disse...

Se ele fizesse o que devia fazer eu até lhe perdoava a frase e o pilim.