terça-feira, novembro 09, 2004

'Eu Hei-de Amar Uma Pedra'

Vem tudo isto a propósito do novo livro do meu escritor maldito (no sentido de alter-ego), António Lobo Antunes. Saiu hoje para os escaparates, o título roubei-o para encimar este post e trouxe-me à memória a passagem de uma peça cujo nome e autor esqueci. Nunca consegui esquecer, porém, estas linhas. - Vou pôr o meu coração aos seus pés. - Só se não me sujar o chão. - O meu coração está limpo. - Isso é o que vamos ver. Traga uma faca, vamos fazer uma operação. - Tome cuidado para não me aleijar. - Oh, mas o seu coração é uma pedra. - Pois é. Mas bate apenas por si. A isto (que já não é pouco) poderemos acrescentar o que Lobo Antunes responde hoje a um jornal diário. "Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão, de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam". Ou a velha questão Pessoana: "Até que ponto o amor não é apenas a idealização de um outro e de nós mesmos?". Afinal, "Estamos apaixonados ou estaremos agradecidos por gostarem de nós?". Eu cá estava com saudades do velho Lobo.

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