quinta-feira, novembro 04, 2004
O Quarto das Fadas da Isabela
A Isabela teve registo aqui no Respirar. Nascida na Colômbia, filha da Ana Paula e do Raul, é a nossa afilhada colectiva. E falo nossa porque há uma dúzia de pessoas que quando se encontram a palavra passe que trocam entre si é: "já recebeste as fotos da filha da Paleta?". Hoje recebemos as fotos do Quarto das Fadas, que a Isabella já adoptou inteiramente como seu, autonomizando-se do quarto dos pais. Comoveram-me. Aquela luz calma de Bogotá a raiar pela janela, é possível ainda alguma paz e tranquilidade para ouvirmos crescer as nossas crianças, a vida de todos os dias, é neste ir a jogo, neste criar espaço, as casas das fadas ali a sussurrarem aos ouvidos ainda nascituros de Isabela, não tenho por hábito pensar nestas coisas assim mas agora digo, vou fazer tudo o que puder para me poder conservar vivo o maior tempo que me for possível, quero acompanhar o riso de Isabela, o meu Peter Pan, os sussurros das fadas, quero conseguir ver um pouco mais para além desta minima margem de esperança que todos os dias me atribuo, não queria dizer isto, mas parece-me, o mundo, o nosso mundo estragou-se tão de repente, num instante os rios ficaram desertos de força, os ares envenenados de uma cobiça pestilenta, até as gentes, as nossas gentes, ou aquelas que deveriam ser as nossas gentes, e no fundo tudo se resume a isto, tudo o que é verdadeiramente importante se resume a isto, uma cadeira baloiçando no infinito do nosso sonho de nos afuturarmos dentro de nós, dentro do fora de nós. De ficarmos, como a Paleta, a olhar uma criança como se olha o mar ou o fogo. Sem nada esperar. Uma luz calma, gerrilheira, nas tardes de Bogotá, daquela Bogotá que consegue passar por entre as gretas dos estores do quarto das fadas de Isabela. Ela, a primeira delas todas.
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2 comentários:
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um nó na garganta, as lágrimas cairam, uma enorme doçura deslizou por mim dentro.
um beijo.nice.
Comovo-me quando leio textos assim, onde as inquietações e as respostas coabitam inteirinhas dentro de um coração. Onde a ternura, nesta virtualidade, é quase táctil. 'Se a perfeição existe'...
vague
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