domingo, dezembro 26, 2004

Encontros com Piano ao fundo

O Shai voltou de Granada. Shai, israelita, é pianista, vive em Harlem. Ontem estava bastante stressado. Tinha um concerto, mal pago, em NY no dia 30, e outro, bem pago, em Jerusalém, no dia 31. Tinha reservado os bilhetes mas só depois é que se percebeu que lhe faltava uma hora para cumprir as duas horas de antecedência para quem viaja entre continentes. Ali, entre as Portas de Santo Antão e a Rua da Rosa, teve de encontrar um substituto, além de convencer os parceiros e o dono do club a aceitar a troca. Com ele tenho várias afinidades. Uma delas é ambos termos conhecido Archie Shepp. E admirarmo-lo. A outra é que ele poderia ter sido o pianista que seduziu Esmeralda, num bar em Granada. Regressou hoje de manhã a casa depois de termos celebrado a madrugada. A Catarina, que foi aliás o elo que nos ligou ao Shai, e que o conheceu no metro de NY, onde ambos vivem, também estava connosco. Encontros bafejados pela sorte. Como aquele, curiosíssimo, que tivemos quando ao regressarmos da pista de dança do Bleza vemos duas raparigas sentadas na nossa mesa. Uma era eslovena e a outra, jovem escritora...israelita. A nossa mesa tornou-se facilmente um linguarejar babilónico. Eu, o Shai e Catarina falávamos em francês, já que desde o jantar nos sentámos com mais facilidade na lingua de Racine. Eu e Catarina, em português. Só da parte da amiga de Roxana, da qual não fixei o nome, eram usadas três linguas. O inglês, com Roxana, o espanhol, comigo e o hebraico, com Shai. Estas coisas a mim dão-me vontade de ir. Ando com uma vontade de fugir daqui que não me posso.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu também.
Se ao menos as mesas deste país fossem mais babElónicas, eu até gostaria do slogan "Vá para fora cá dentro"...

Éclair

JPN disse...

Ora que bom aparecimento! Pensei que te tinhas dissipado na tua "eclarité"...Grande 2005!