segunda-feira, fevereiro 21, 2005
Fala do dia seguinte
Terei a maior das dificuldades em reflectir sobre duas ou três coisas que me ocupam o pensamento antes de me entregar a esse exercício sobre a possibilidade que 20 de Fevereiro significa. E a principal delas será a de me sentir a operar com instrumentos obsoletos e artesanais diante de uma nova racionalidade. Uma nova racionalidade mais apaixonada. A minha tese de que não havia nenhuma absoluta necessidade de uma maioria absoluta, é um desses casos em que eu, porque preso a formúlas de pensamento desajustadas e em desuso, não consigo pensar a realidade à minha volta. A minha ideia de que a democracia fica mais frágil quando um politico sem nenhum projecto absolutamente galvanizante se apresenta ao eleitorado com a intenção de o galvanizar em absoluto, é um chaveco velho. O meu pensamento de que cada voto é uma imensa maioria de razão, é uma literatice pindérica. A minha conjectura de que Jorge Sampaio morreu políticamente não sobrevive à constatação da sua ressureição. O mundo não é como eu o vejo e se eu tivesse a pose de estado do Paulo Portas demitia-me também de pensar. Não tenho. E preciso muito deste escrever-pensar. Uma coisa posso no entanto deixar, como guia de bordo, esta é uma prosa assumidamente demissionária. Passem ao largo por favor. Aqui não se pensa, pelo menos de um pensamento com matérias-primas adequadas aos dias de hoje. E o problema é que eu não estou preparado para chamar pensamento a esse encadeado desvitalizador da coisa transformada em ideia, da ideia coisificada.
Há algo de sobrevivente em mim que me diz que é melhor perder a razão do que perdê-la.
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