O gato, Merlin, subira ao andar de cima. O homem levou-o à casa da vizinha. Cruzaram-se e logo aí se perturbaram. Inclinaram. Ele começou a fazer jogging, a sair à rua, comprou uns óculos de sol, uma bicicleta de manutenção. Ela começou a usar roupas mais pesadas, fato saia e casaco, a prender o cabelo em carrapito. Iniciaram uma viagem até se encontrarem. Um dia como em todas as histórias de amor, encontraram-se. E logo aí começaram, sem o saber, a armar a viagem que os levaria de novo à solidão. Só se aperceberam disso quando Merlin desapareceu de novo das suas vidas.
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Merlin, o Gato
Revisitei agora esta história que escrevi uma vez para um texto teatral e que falava do encontro de um homem de sessenta anos com uma rapariga de vinte e cinco anos. Eles os dois eram vizinhos, o velho morava no andar de cima, ela vivia no andar debaixo. Nunca até então se tinham falado. Não saia de casa desde a morte da mulher. Tudo tinha começado com um gato, o da rapariga que trabalhava numa biblioteca (tenho este meme, o de que as bibliotecárias são gente mais propensa ao incomum).
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
pode parecer um bocadinho armar ao pingarelho, mas como não gosto de gatos prefiro "Merlin ou a terra deserta do Tankred Dorst abração
parece-me que afinal ela era mais velha do que o homem
comprendo, f.. Eu agora em relação ao Merlin já não o consigo dissociar do Horário, no magnífico espectáculo do Bando que vi em Gaia. Choveu toda a noite mas ninguém arredou pé. Que noite aquela! Parafraseando o José Sócrates, "aquela noite em Gaia é daquelas coisas que só o Porto, na sua magia, nos pode dar". abraço
corrigenda: Horácio (Horácio Manuel)
Sempre encontraste um gato.
E eu tive o privilégio de descobrir o "respirar o mesmo ar".
Gatos são óptimos pretextos para conhecer a/o vizinho/a do lado. Gatilhos da história. E o tiro pode muito bem partir no sentido do amor - portanto, da solidão. Gosto do cepticismo inerente à história. E de gatos :-)
Enviar um comentário