sexta-feira, abril 22, 2005

Escritomancia

Os argumentos dos filmes foram escritos antes dos encontros acontecerem. Que é dizer que os argumentistas são visionários, escritomantes. O mesmo se passa com a arte sonora da palavra: aquela música que sempre nos acompanhou grita o verso, descrevendo com pontaria descoincidente a orientação das nossas pegadas. E conforme formos, perplexos e expectantes pelo desfecho, alguns assustados, afastando a possibilidade. E ali de repente, apropriados por uma arte alheia, enleados nos efeitos narrativos de uma mente distante no tempo, mais prisioneiros então que nunca. Resta-nos duas hipóteses: um fim literário just made for us, pressupondo uma insatisfação suicida, solitária, lacrimal, redentora; ou escolher avolumar a camada de calos do nosso ser emocional, fechando as portas do Éden, tal e qual os sonhos (as que se abrem para um universo que encadeia de luz e verde relva com crianças e alegria ), mas prevenindo um mal maior. Rendemo-nos com frequência à força do cinema, música cantada e literatura?

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