sábado, abril 09, 2005
Paris está a arder?
Toda a minha adolescência ansiei por Paris. De 75 a 80 vivi profundamente os anos vinte em Paris. O Quartier Latin, através das personagens de Maughan e Hemingway tinha poucos mistérios para a minha imaginação. Conheci Paris até às fundações da cidade, através de Vitor Hugo. Paris era e foi a festa do meu melhor romantismo, a luz. A Revolução Francesa, um dos meus períodos históricos preferidos. Só nunca me seduziram os musicais de Vicent Minnelli, mas isso é uma desavença minha com o género. Apenas conheci Paris em 96. Estava com medo de não gostar, como quando lemos um livro e não queremos ver o filme. Mas não. É claro que detestei ver o Moulin Rouge coberto de neonazis xenófobos, mas isso não faz uma cidade. Falem-me de Paris, estarei sempre aqui, de ouvidos arregalados.
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1 comentário:
Paris tem uma coisa terrível, é esmagadora. Paris assenta acima de tudo sobre um tipo de arquitectura que nos faz sentir pequenos, significantemente insignificantes. Quando penso em Paris, vem-me sempre à ideia os tempos em que a Igreja se afirmava pela ostentação. Não porque relacione Paris com qualquer tipo de afirmação religiosa. Tempos idos, e talvez não terminados, em que quanto mais alta a abóboda, quanto marcante a imensidão da nave, mais pequenos seremos e temeremos a Deus.
Paris esmaga.
Claro que existem pequenos recantos onde se vive e respira, aqueles pequenos cantos que se descobrem ao fim de algum sofrimento de sobrevivência sob tanto peso. O Museu Picasso é um bom exemplo. Escondido o suficiente para nos deixar espaço para pensar ou simplesmente descansar ao fim de um dia de trabalho.
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